“Quero ser a primeira mulher a presidir ao PP e quero ser a primeira mulher a liderar um governo em Espanha”
O dia que todos sabiam que ia chegar, chegou ontem. Tidas como rivais de longa data, Soraya Sáenz de Santamaría e María Dolores de Cospedal, respetivamente, ex-vice-primeira-ministra de Espanha e ex-ministra da Defesa, anunciaram que estão na corrida para suceder ao ex-primeiro-ministro Mariano Rajoy na liderança do PP.
Soraya, de 47 anos, anunciou a sua candidatura através do Twitter e falou depois à imprensa à porta do Congresso dos Deputados. “Acredito no Partido Popular”, disse ao apresentar “um projeto aberto e positivo”. Assumindo-se “como uma militante mais”, Santamaría assegurou querer “servir Espanha e os espanhóis”. Numa entrevista à Telecinco negou que entre ela e Cospedal haja “uma guerra”. O que existe, disse, é uma “sã concorrência democrática”.
Cospedal, de 52 anos, comunicou as suas intenções numa reunião da direção do PP de Castela-a-Mancha, organização da qual é presidente regional. “Apresento-me”, disse, “para liderar e servir o PP, vocês e os espanhóis, para recuperar a unidade do centro-direita espanhol, para ganhar, ganhar e ganhar (...) Quero ser a primeira mulher a presidir o PP e quero ser a primeira mulher a liderar um governo em Espanha”.
A ex-vice-primeira-ministra e a ex-ministra da Defesa de Rajoy são ambas licenciadas em Direito e seguiram ambas carreira pública como advogadas do Estado. Soraya estudou na Universidade de Valladolid, de onde é natural, na comunidade de Castela e Leão. Foi na carreira pública que Soraya conheceu o marido, Iván de la Rosa, filho de pai português e natural da comunidade da Extremadura. Casaram pelo civil no Brasil em 2005 e seis anos depois tiveram um filho.
Na altura, o PP encontrava-se em campanha eleitoral e Soraya voltou ao trabalho apenas dez dias depois de dar à luz. Foi o marido quem cuidou do pequeno Ivan nos primeiros tempos de vida. O partido venceu as eleições e Soraya tornou-se vice-primeira-ministra. Cargo que ocupou até agora. O casal vive no bairro Fuente del Berro, em Madrid.
Soraya Sáenz de Santamaría, Mariano Rajoy e María Dolores de Cospedal
Na capital espanhola formou-se Cospedal pela Universidade Católica de San Pablo CEU. Em 1995, casou-se com o aristocrata José Félix Valdivieso-González y Bravo de Laguna e separou-se três anos depois, conseguindo que a Igreja anulasse o matrimónio. Voltou a casar de novo, em 2009, com Ignacio López del Hierro, dois anos depois de ter sido mãe solteira. Ricardo nasceu fruto de inseminação artificial. “Fi-lo de forma consciente, depois de esperar quatro anos por uma adoção que nunca aconteceu e depois de me submeter a fecundação in vitro. Queria ser mãe e não tinha companheiro”, explicou em entrevista à revista Yo Donna.
O contador da rivalidade entre Soraya e Cospedal começou a funcionar há dez anos quando Rajoy nomeou a primeira porta-voz do grupo parlamentar do PP e a segunda secretária-geral do partido. Volta e meia os media espanhóis gostam de noticiar episódios que ilustram essa rivalidade. Foi o caso do suposto veto à participação de Soraya num almoço do PP em Sevilha em abril, alegadamente por parte de Cospedal.
Os militantes do PP vão escolher a 5 de julho, em eleições internas, o seu novo líder e o partido realiza a 20 e 21 de julho um congresso extraordinário. Até ao momento, apresentaram também a sua candidatura o vice-secretário do PP, Pablo Casado; o ex-ministro José Manuel García Margallo; o deputado José Ramón García Hernández; e o ex-líder da juventude do PP (Novas Gerações) José Luis Bayo.
O outro candidato considerado com mais possibilidade de liderar o PP (Partido Popular), o atual presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, desistiu na segunda-feira de se apresentar à sucessão de Rajoy. As candidaturas estão abertas até esta quarta-feira, às 14.00, mais uma hora do que em Lisboa.