Diário de Notícias

Famílias declararam menos gastos com educação

Estatístic­as do IRS entregue no ano passado mostram que há mais 342 pessoas a declarar rendimento­s acima de 250 mil euros

- LUCÍLIA TIAGO

Houve menos 51 mil famílias a declarar despesas com educação, revela o fisco, que aponta para uma quebra nas deduções no IRS entregue no ano passado. Manuais gratuitos ajudam a explicar diferença. Só metade das declaraçõe­s exigiram pagamento.

Seja porque há mais manuais escolares a serem trocados entre alunos ou porque as faturas aumentaram o crivo das despesas que podem ajudar a baixar o IRS, certo é que em 2016 foram menos 5% as famílias que declararam despesas com educação. E também desceu o valor global desta dedução, que passou de 262 milhões para 257 milhões de euros.

Os dados estatístic­os extraídos das declaraçõe­s entregues em 2017 (para o IRS relativo a 2016) foram ontem divulgados pela Autoridade Tributária e Aduaneira e revelam que houve uma quebra de 51 mil agregados familiares a reportar gastos com educação. Na saúde, o número de contribuin­tes com este tipo de despesa também baixou (cerca de 13 mil), mas o valor abatido ao imposto aumentou de 414 milhões para 421 milhões de euros de 2015 para 2016.

Em quebra estiveram também as despesas gerais familiares, que vieram substituir a dedução pessoal, que até à reforma do IRS era atribuída de forma automática (e “invisível”) a todos os contribuin­tes. O fisco aceita que 35% do valor total das despesas possa abater ao imposto, até ao limite de 250 euros por sujeito passivo. Como o leque de despesas que entra neste tipo de dedução é bastante vasto, a descida acaba por surpreende­r, mas a verdade é que foram menos cerca de 52 mil pessoas a beneficiar desta dedução, e o valor global também encolheu 7 milhões de euros.

Além de medirem o pulso ao andamento das deduções, estas estatístic­as mostram também o núme- ro e o escalão de rendimento­s dos que entregaram declaração de IRS, as taxas efetivas de tributação ou a tipologia de rendimento. Há mais 342 ricos Após alguns anos de quebra (que coincidira­m com os da crise), o número de pessoas que declaram rendimento­s anuais superiores a 250 mil euros começaram a aumentar: no ano passado, houve mais 342 famílias a entrar neste patamar de valores. No total, foram 2794 (mais 13,95%) os que declararam mais de 250 mil euros. No escalão imediatame­nte anterior (entre os 100 mil e os 250 mil euros) há agora 38 202 agregados – ou seja, mais quatro mil do que antes.

De uma maneira geral, todos os patamares de rendimento acima dos dez mil euros registaram acréscimos, enquanto abaixo deste valor anual se observou um decréscimo do número de agregados.

No total dos 5,07 milhões que entregaram declaração de IRS, pouco mais de metade (51,89%) chegaram a pagar IRS. Nos restantes, depois da aplicação das deduções, já não houve margem para liquidar imposto.

A sobretaxa começou em 2016 a iniciar o processo de redução gradual, sendo eliminada para o 1.º escalão e reduzida nalguns dos seguintes). E foi este movimento que explicou que a receita tivesse caído de 938 milhões em 2015 (apurados em 2016) para 544 milhões de euros no ano seguinte. Mais de metade deste valor foi pago por quem declarou rendimento­s de trabalho independen­te.

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Valor global da dedução com educação caiu de 262 milhões para 257 milhões de euros

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