Diário de Notícias

Previstos mais 107 milhões para professore­s no próximo ano

Contas do governo, às quais o DN teve acesso, ainda não contemplam o efeito da reposição do tempo de serviço congelado

- PEDRO SOUSA TAVARES

Mesmo sem considerar qualquer reposição do tempo de serviço congelado – os sindicatos reivindica­m nove anos, quatro meses e dois dias –, o governo prevê que o simples efeito de ter recolocado em andamento o relógio das carreiras tenha um impacto “muito significat­ivo”, já em 2019, nos custos salariais com os professore­s. De acordo com dados enviados ao DN, se neste ano o custo das progressõe­s deverá ficar nos 37 milhões d e euros, no próximo esse valor irá quase triplicar, para os 107 milhões.

“O aumento significat­ivo da despesa deve-se a dois efeitos que acrescem às progressõe­s de 2019”, disse ao DN fonte oficial do governo. “Por um lado, em 2019, os professore­s que progredira­m ao longo do ano de 2018 receberão 14 salários em 2019 e, por outro, os acréscimos de 2018 que estavam a ser pagos com um faseamento médio de 33,33% em 2018 passam para 68,75% em 2019.”

Estas projeções foram feitas com base no universo de cerca de cem mil professore­s que estavam nos quadros em 2016-17 e, segundo a mesma fonte, “até subestimam um pouco” o custo real do descongela­mento, já que “não consideram ainda os cerca de sete mil professore­s contratado­s que entraram para o quadro em 2017 e 2018”.

Os 107 milhões, acrescento­u, incluem vencimento­s e contribuiç­ões para a taxa social única (TSU) e traduzem o que o governo considera ser “uma área de grande prioridade orçamental. Estamos a falar num aumento de cerca de 300% entre 2018 e 2019”, frisou, revelando que “nas outras carreiras [em que o descongela­mento acontece] o que se estima é um aumento inferior aos 75%” entre um ano e o outro. 400 milhões para todo o Estado No total, explicou, as progressõe­s salariais dos docentes deverão representa­r “cerca de um quarto” do efeito do descongela­mento no próximo ano. As projeções da tutela apontam para um custo total da ordem dos 400 milhões em toda a administra­ção pública, ainda que os dados dos restantes setores não estejam apurados com o mesmo detalhe dos professore­s.

As estimativa­s estendem-se ainda até ao final da próxima legislatur­a, com o governo a calcular que – sempre sem considerar eventuais reposições do tempo congelado – o custo total das progressõe­s na carreira ascenda aos 519 milhões anuais.

Em relação ao reposicion­amento das carreiras, o primeiro-ministro, António Costa, disse recentemen­te que os nove anos, quatro meses e dois dias de serviço reclamados pelos docentes teriam um custo adicional de 650 milhões de euros anuais, que considerou incomportá­vel. Os sindicatos de professore­s contestam essas contas, apontando para valores bastante inferiores. O DN tentou ouvir os dirigentes da Fenprof e da Federação Nacional da Educação, sem êxito.

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Sindicatos têm contestado contas do governo para impacto do reposicion­amento nas carreiras

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