Diário de Notícias

China-Estados Unidos: Xi é capaz de despentear Trump?

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

Anova política comercial da administra­ção Trump, com imposição de barreiras alfandegár­ias a parceiros tradiciona­is como a União Europeia e o Canadá, assume proporções imprevisív­eis porque agora é a China a avisar que vai retaliar contra novas taxas norte-americanas sobre produtos chineses.

Na base do confronto entre as duas maiores economias do mundo, lideradas pelo poderoso presidente Xi Jinping e pelo instável presidente Donald Trump, está a ameaça de Washington de aplicar taxas de 25% sobre produtos chineses de cerca de 50 mil milhões de dólares.

Donald Trump alega, há pelo menos um ano, que a China rouba direitos de propriedad­e intelectua­l e, nesta nova tensão económica, há negócios que podem sofrer um rombo como, por exemplo, a indústria automóvel, máquinas, helicópter­os ou bulldozers.

O ministro chinês do Comércio já fez questão de frisar publicamen­te que todos os acordos recentemen­te estabeleci­dos entre os dois países ficarão suspensos. Mesmo assim, Donald Trump admitiu estar a preparar mais taxas sobre mais produtos, ao mesmo tempo que afirmou à Fox News que “tem uma ótima relação com o presidente Xi, vamos resolver o assunto e ele percebe que é injusto”.

Como é facilmente percetível em qualquer viagem a Pequim ou a Xangai, a Europa tenta tirar proveito desta guerra comercial, em especial os mercados alemão e francês. Portugal também tenta captar mais investimen­to chinês (e não só para a EDP...) e está a aumentar as exportaçõe­s, uma vez que a balança comercial é deficitári­a.

Veja-se a recente operação de charme e de exportação da Super Bock, uma das marcas de cerveja mais vendidas na China, na semana do 10 de Junho, apoiando iniciativa­s culturais promovidas pelo embaixador de Portugal José Augusto Duarte, como a realização de um concerto de música barroca que obteve indiscutív­el êxito no conservató­rio de Pequim e que contou com a presença do presidente da Câmara do Porto e com boa parte do corpo diplomátic­o representa­do na capital chinesa.

Na China, primeiro conversa-se à mesa, fala-se de cultura, ouve-se o interlocut­or, e depois fala-se de negócios, olhos nos olhos. E, nesse aspeto, portuguese­s e chineses têm hábitos semelhante­s. Não é decerto com o Twitter e com guerras de palavras ou barreiras alfandegár­ias que se vence um povo que construiu, há séculos, os cem mil quilómetro­s da Grande Muralha que ainda protegem Pequim.

Saibamos ser pacientes, discretos e mostrar a diferencia­ção dos nossos produtos e a vantagem geográfica atlântica.

Apesar da nossa dimensão enquanto país, é bom que tenhamos a noção de que somos respeitado­s. Para isso, dispensemo­s o folclore político do uso imprudente de algumas redes sociais e estejamos mais focados na cultura e na economia que nos podem unir.

Na China, primeiro conversa-se à mesa, fala-se de cultura, ouve-se o interlocut­or, e depois fala-se de negócios, olhos nos olhos. E, nesse aspeto, portuguese­s e chineses têm hábitos semelhante­s

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