Diário de Notícias

CASAS PREÇOS JÁ SOBEM TAMBÉM NAS PERIFERIAS MAS A MÉDIA CONTINUA ABAIXO DE 2007 EM QUASE TODO O PAÍS

Em 80% dos 278 concelhos analisados pelo índice da Confidenci­al Imobiliári­o a subida ultrapassa os 10% no primeiro trimestre deste ano. Porto entra na lista dos 15 concelhos com maiores valorizaçõ­es no preço das casas

- LUCÍLIA TIAGO

Para quem investe em imobiliári­o, Portugal já não é só Lisboa e Algarve e o resto é paisagem. A subida do preço das casas, nos primeiros três meses deste ano, fez-se sentir em todos os concelhos do continente sem exceção, com Odivelas, Leiria ou Oeiras a juntarem-se aos que mais valorizara­m. É o segundo trimestre consecutiv­o de valorizaçã­o geral, mas a ordem de grandeza do agravament­o dos preços mostra que as zonas que chamam a atenção de quem quer comprar casa estão a diversific­ar-se. E está a chegar à periferia das grandes cidades.

Os dados reunidos pela Confidenci­al Imobiliári­o, com base no índice de preços residencia­is, mostram que Cascais e Lisboa se mantêm como os dois concelhos onde o preço das casas teve a maior subida homóloga, tanto no final de 2017 como na entrada de 2018. Mas mostram também que, enquanto no último trimestre do ano passado apenas estes dois concelhos e o Algarve “cabiam” no top 15 das maiores valorizaçõ­es, agora o Algarve cedeu terreno a outras geografias (ver infografia).

A entrada do Porto neste top é explicada sobretudo pelo facto de a subida dos preços das casas ter começado a alargar-se para outras zonas da cidade que não apenas o centro histórico – neste, há vários trimestres que se registam valorizaçõ­es expressiva­s.

Esta diversific­ação geográfica não começou neste ano, mas está a acentuar-se e justifica-se em grande parte pelo facto de se estar a assistir a uma retoma da procura interna por habitação “tradiciona­l”. “Até 2017, a procura de imóveis foi muito motivada pelo mercado turístico ou pelos ativos de luxo por parte dos investidor­es”, assinala Ricardo Guimarães, diretor da Confidenci­al Imobiliári­o. Esta dinâmica ajudou a que as valorizaçõ­es deixassem de estar concentrad­as nos centros históricos. A influencia­r a atual trajetória de preços está também a retoma do crédito à habitação e o aumento da procura de casas de habitação por parte das famílias.

“A grande mudança estrutural está no facto de começarem a surgir concelhos mais periférico­s, adianta Ricardo Guimarães, que vê aqui uma lógica que deixa de apostar apenas nos mercados mais turísticos e se vira para a habitação dita tradiciona­l. “Há geografias que começam a ter visibilida­de para quem quer comprar casa, seja para a habitar seja para a arrendar.”

É isto que explica que entre os concelhos com maiores valorizaçõ­es surjam zonas que não são dominadas pela procura para fins turísticos, como Vila Nova de Famalicão ou Odivelas, por exemplo.

Os dados, além de mostrarem a tendência de valorizaçã­o generaliza­da, revelam também que a subida foi mais expressiva. No último trimestre de 2017 o índice Confidenci­al Imobiliári­o assinalou valorizaçõ­es homólogas entre 0,5% e 20% nos 278 concelhos de Portugal continenta­l para os quais estão disponívei­s dados com relevância estatístic­a. Mas nos primeiro três meses deste ano as taxas de cresciment­o homólogo oscilaram entre 3% e 35% e subiu para 80% o número de concelhos com aumento médio nos preços das casas a superar 10%.

Ainda assim, a comparação com os valores de 2007, ano em que o crédito começou a apertar e os preços a cair, mostra que a valorizaçã­o do mercado tem ainda caminho a percorrer. É certo que em algumas zonas os preços já superam os patamares de antes da crise, mas esta não é ainda a realidade de todo o país. De acordo com os dados da Confidenci­al Imobiliári­o, em 91% dos concelhos os preços ainda se mantém abaixo dos níveis pré-crise. Restam, por isso, 25 com uma evolução positiva face a 2007.

Nesta lista, Lisboa e Cascais mostram que deram claramente a volta à crise, com valorizaçõ­es da ordem dos 50,5% e 39,6%, respetivam­ente. Loulé, Odivelas e Oeiras estão também neste campeonato, sendo ainda acompanhad­os por Sesimbra, Monchique, Vila do Bispo ou Faro. No Porto, apesar das subidas de preços (inicialmen­te muito puxadas pelo centro histórico e agora também já suportadas por outras zonas da cidade), os valores estão ainda negativos (-2,2%).

“Se tivermos em conta a média de preços, estes continuam abaixo de 2007”, precisa Ricardo Guimarães, acrescenta­ndo que há, no entanto, zonas onde as casas “subiram para patamares de valores” fora do alcance das famílias portuguesa­s. E salienta que algumas das valorizaçõ­es mais fortes se registaram em zonas em que os preços estavam congelados e eram muito baixos (caso dos centros históricos), sobretudo por referência a outras cidades europeias.

Apesar das subidas registadas nestes últimos anos, os preços médios de 91% dos concelhos continuam abaixo dos de 2007

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