CR7? “É como o vinho do Porto” e “tem um grande treinador”
A insatisfação de Fernando Santos na flash interview deu lugar a sorrisos na sala de imprensa por causa de Ronaldo. Técnico admitiu a “injustiça” do resultado para Marrocos
Fernando Santos acabou o jogo descontente com a exibição da equipa. “Entrámos bem no jogo, depois perdemos o controlo do jogo, muitos passes errados, má circulação de bola. Isto é uma bola de neve: uma equipa quando não tem a bola tem de correr. Foi isso que expliquei aos jogadores ao intervalo, mas eles entraram em campo e erraram o primeiro passe, erraram o segundo e foram perdendo confiança”, atirou, visivelmente alterado.
Depois do desabafo na flash interview da SIC, o selecionador prometeu ter uma conversa com os jogadores sobre a falta de pulmão: “Eram muito fortes em termos atléticos e tínhamos de sair do espaço, jogar a um ou dois toques, tirar o adversário do sítio. Mas perdemos discernimento. Não consigo perceber, masvouterdeperceber,obviamente, e falar com os jogadores. Eles não conseguiram circular a bola. Estávamos a jogar pouco com a bola, não a tínhamos. A equipa começa a não ter pulmão e as coisas ficam muito difíceis. Olhas para o semblante dos jogadores e notas que eles estão incomodados.”
Ao fim de 90 minutos e um golo que quase colocou Portugal nos oitavos de final do Mundial 2018, Santos lá admitiu que gostou de uma ou duas coisas na equipa: “Fomos humildes e soubemos sofrer, mas, com bola, estivemos longe daquilo que conseguimos fazer. Agora há que pensar com muita cabecinha no jogo com Irão. Nada está decidido.”
Mais a frio, e já com os três pontos no bolso, o técnico nacional tentou ser menos crítico e reconheceu algum mérito de Marrocos na má exibição portuguesa. “Será um resultado injusto? Admito que sim. No futebol é assim. Quem marca ganha. Não estou satisfeito com a exibição da equipa. É óbvio que o mérito é da equipa de Marrocos”, admitiu.
Depois, Fernando Santos lá abriu o sorriso na sala de imprensa, afinal de contas Portugal venceu com um golo do suspeito do costume. E quando questionado sobre a boa forma do capitão aos 33 anos, que leva quatro golos neste Mundial, Santos revelou os segredos: “Tem um grande treinador [risos]. Ronaldo é como o vinho do Porto. Sabe refinar as capacidades, gerir o momento da sua capacidade física, técnica e estratégica. Um jogador em constante evolução, ao contrário do que é normal. Conhece-se muito bem a ele próprio, sabe o que pode fazer e não quer fazer o que fazia há cinco ou seis anos. Daqui a três não vai querer fazer o que faz hoje.”
O próximo jogo é com o Irão de Queiroz e, segundo o selecionador, convém lembrar que “nenhuma equipa joga sozinha” e que “os nomes não chegam para vencer”.
“Se criticar os árbitros também vou ser criticado e vou ser punido. Devem escrever que estamos muito orgulhosos do nosso desempenho...”
HERVÉ RENARD
SELECIONADOR DE MARROCOS