Sofrimento até ao último minuto
Antes deste jogo, algumas dúvidas se levantavam. Portugal vinha de um empate motivador, mas que nos deixou com um sabor agridoce. Apresentou uma boa organização defensiva, mas faltou explosão em termos ofensivos. Será que nesta partida iria apresentar um jogo mais equilibrado? Já Marrocos, apesar do bom jogo com o Irão, viveu uma grande deceção e um pós-jogo difícil. Iria libertar-se destes fantasmas?
A seleção africana conseguiu fazê-lo, mas só após o golo sofrido, ao passo que Portugal, do qual se esperaria que controlasse o jogo, não o soube fazer após o golo.
Portugal venceu mas com muito sofrimento. É verdade que soube sofrer – aliás esta é a imagem de marca que a seleção apresentou no Europeu e parece ter transportado para este Mundial.
Hervé Renard fez algumas correções no onze que lhe deram maior consistência e a segunda parte de Marrocos é de facto de alto nível. O domínio foi sufocante mas Portugal, com a sua maturidade e experiência, aproveitou todos os momentos para respirar. E, com uma vontade que os campeões transportam, continuou a sofrer e a sofrer até à vitória.
Houve três momentos importantes no jogo: o golo de Ronaldo aos quatro minutos, a extraordinária defesa de Rui Patrício aos 57’ e o remate de Ziyech contra a cabeça de Pepe no último instante da partida.
Uma última nota para Ronaldo. Dizemos todos que nenhum jogador é melhor do que todos juntos, mas Cristiano parece ser a exceção. É verdade que não há jogo sem equipa, mas também não é menos verdade que não há equipa sem jogadores. Os atletas extraordinários surpreendem sempre, e Cristiano voltou a surpreender.