Um jogo histórico em Teerão, com mulheres no estádio
Pela primeira vez desde 1979, mulheres foram autorizadas a ir a um estádio de futebol, para ver a transmissão do Irão-Espanha
DECISÃO Apesar da derrota frente à Espanha, o jogo de ontem foi histórico para o Irão. Enquanto as duas seleções se defrontavam em Kazan, na Rússia, em Teerão as mulheres foram finalmente autorizadas a entrar num estádio de futebol, pela primeira vez desde a Revolução Islâmica de 1979, para assistir à transmissão televisiva da partida.
Uma conquista que chegou depois de vários avanços e recuos nas horas que antecederam o jogo. Na terça-feira, agências noticiosas locais reportaram que mulheres e famílias seriam autorizadas a entrar no Estádio Azidi, na capital, para assistir à transmissão do jogo, mas horas antes do pontapé de saída, ontem, as autoridades cancelavam o evento, alegando “dificuldades relacionadas com a infraestrutura”.
No entanto, vários homens e mulheres acorreram na mesma às portas do recinto e nas redes sociais começaram a circular fotografias de pessoas em protesto pacífico, junto ao estádio, perante uma barreira policial.
Por fim, as autoridades locais acabaram por ceder e abrir os portões, proporcionando um momento histórico na sociedade iraniana, assinalado também pela própria seleção treinada por Carlos Queiroz, que partilhou na sua conta oficial de Twitter uma foto do interior do Estádio Azidi, com várias mulheres nas bancadas.
A participação do Irão no Mundial fez aumentar a pressão sobre o governo de Teerão para pôr fim a uma proibição que se estende há 39 anos. Em São Petersburgo, onde o Irão venceu Marrocos (1-0) na primeira jornada do grupo B, foram vistas durante o jogo tarjas a apelar ao direito das mulheres em entrar nos estádios iranianos.
A agência noticiosa ISNA, do Irão, informou que a autorização especial foi válida apenas para o jogo com Espanha, mas ativistas confiam que este seja o primeiro passo para o levantamento definitivo da proibição. “Se tudo correr bem, esperamos que seja possível ver o Irão-Portugal [dia 25] no mesmo estádio, num ambiente familiar”, disse à ISNA Tayebeh Siavoshi, deputada iraniana. R.F.
Iranianas no Estádio Azidi