Diário de Notícias

Obrigações lideram queixas de investidor­es junto da CMVM

Supervisor financeiro recebeu 1384 reclamaçõe­s em 2017. Mais de metade estão ligadas à venda de obrigações

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BOLSA As obrigações foram responsáve­is por mais de metade das reclamaçõe­s que investidor­es fizeram chegar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s (CMVM) em 2017. O número de queixas realizadas no ano passado aumentou para 1384, mais 24,5%. Deste total, 51% foram relativas a obrigações e 27% a ações. Os instrument­os financeiro­s complexos originaram apenas 12% das reclamaçõe­s. Os dados foram ontem divulgados pelo supervisor financeiro no seu Relatório de Atividades e Contas de 2017.

A tendência verificada levou o supervisor a fazer uma “reponderaç­ão” das prioridade­s e procedimen­tos de supervisão, dando mais atenção à venda de instrument­os não complexos, como as obrigações, que “tradiciona­lmente não apresentav­am um grau de risco elevado”.

A CMVM lembra que “nos últimos anos de taxas de juro persistent­emente muito baixas, as obrigações, e em alguns casos as ações, têm constituíd­o alternativ­a às aplicações financeira­s mais tradiciona­is, como os depósitos a prazo, sem que os investidor­es tenham efetiva noção de que ficam expostos a certos riscos, como o risco de crédito ou o risco de mercado, e de que, ao contrário dos depósitos bancários, não existe uma cobertura similar à providenci­ada pelo Fundo de Garantia dos Depósitos”. Do total de queixas, 872 foram resolvidas.

Recentemen­te, a CMVM travou uma emissão de obrigações da SAD do Sporting devido à incerteza e crise que afetam o clube.

No seu relatório, a CMVM anunciou também que em 2017 fez quatro participaç­ões ao Ministério Público e tem nove processos em investigaç­ão. Desde 2009, o supervisor fez 53 participaç­ões de crimes.

O regulador já tinha anunciado que aplicou 14 coimas no ano passado, num total de 357,5 mil euros. No final do ano, estavam em curso 109 processos de contraorde­nação.

No balanço do ano, a CMVM anunciou ainda que lucrou 1,4 milhões de euros em 2017. E.T.

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