Vida de Michael Jackson chega à Broadway em 2020
O argumento é de Lynn Nottage, vencedora de dois Pulitzers. Christopher Wheeldon será o diretor do espetáculo
Em 2020, a vida e a música de Michael Jackson vão voltar onde, afinal, sempre fizeram mais sentido, ao palco. Segundo anunciou a The Michael Jackson Estate, a gestora da herança do músico, e a promotora Columbia Live Stage, está a ser preparado um musical sobre o rei da pop que vai estar em cena na Broadway.
As informações sobre o espetáculo são ainda escassas, mas na Broadway a história do rei da pop vai ser dada a conhecer através de “uma partitura de algumas das canções mais amadas e vendidas da história”. E já há algumas presenças garantidas. Thriller, Beat it, Billie Jean ou Bad, alguns dos maiores sucessos da longa carreira de Michael Jackson, vão ganhar uma nova vida nesta produção da Broadway, uma boa notícia para a legião de fãs do músico, espalhada pelos quatro cantos do mundo.
Nesta altura, nem o título nem os atores do musical foram ainda revelados, mas já é conhecida a argumentista – Lynn Nottage, vencedora de dois prémios Pulitzer – assim como o responsável pela direção e coreografia do espetáculo – Christopher Wheeldon, já galardoado com um Tony Award.
O musical está previsto estrear em 2020, 11 anos após a notícia que chocou o mundo das artes. Michael Jackson morreu a 25 de junho de 2009, aos 50 anos, devido a uma overdose de medicação. Jackson inspira espetáculos Este espetáculo da Broadway não é o primeiro sobre o rei da pop. Em cena há quase uma década, Thriller Live pode ser visto em Londres e, em Las Vegas, Michael Jackson One, um tributo do Cirque do Soleil, estreou-se em 2013. Mesmo na Broadway, o legado de Michael Jackson também já foi transformado para o palco em Motown The Musical.
Se esta nova produção está longe de ser a primeira em torno da obra do rei da pop, a verdade é que será a primeira biográfica e que histórias não faltarão para contar.
Ícone mundial, só mesmo as polémicas em que se viu envolvido rivalizam com o número de sucessos que conseguiu. E nesse campeonato, ao longo de quase 40 anos de carreira, o rei jogou quase sempre longe da concorrência. Os números falam por si. Só com Thriller, numa única edição dos Grammys, ganhou oito prémios e vendeu mais de cem milhões de cópias no mundo. No total, o currículo de Jackson inclui 19 Grammys, 22 American Music Awards e 12 World Music Awards, uma coleção de galardões que começou bem cedo a construir, ou não tivesse sido, ainda miúdo e na companhia dos irmãos, a principal estrela nos Jackson 5.
Com os irmãos Jackie, Jermaine, Tito e Marlon, Jackson experimentou os primeiros holofotes ao som da soul e do R&B que, no final dos anos 1960, asseguravam a época dourada da sua primeira editora, a Motown. E rapidamente se percebeu quem era a verdadeira estrela na família – Jackson gravou o primeiro disco a solo (Got to Be There) aos 13 anos. Tantas polémicas como êxitos Mas se os imbatíveis números da discografia de Jackson lhe valeram o título de Rei, a vida fora dos palcos valeu-lhe alcunhas bem menos simpáticas, sendo Wacko Jacko, o Jackson Louco, a mais famosa. As excentricidades, as plásticas, a mudança de cor de pele – que oficialmente foi justificada com doenças como vitiligo e lúpus – ou o seu mais famoso bem imobiliário, o rancho Neverland – um verdadeiro parque de diversões onde nem faltava um pequeno jardim zoológico – foram-lhe valendo manchetes e garantindo o foco dos media. Mas foi em 1993 que a sua imagem tenha, talvez irremediavelmente, ficado manchada. Michael Jackson foi acusado de ter abusado sexualmente de um jovem de 13 anos, num processo que nem chegou a tribunal. As acusações ainda regressariam em 2005, e dessa vez, em tribunal, Jackson acabaria por ser absolvido de todas as acusações.
Com números de vendas recordes, uma legião de fãs planetária e uma vida com quase (ou mais, dirão os críticos) tantas polémicas quantos os discos vendidos, a dúvida quanto ao musical na Broadway é se a música fará justiça ao homem a quem nunca ninguém ameaçou o título de Rei.