Diário de Notícias

CGD conclui plano de recapitali­zação mas gigantes fazem boicote

A Caixa colocou 500 milhões de euros a cerca de metade dos custos da emissão anterior. Grandes fundos, como a BlackRock e a PIMCO, voltaram a ficar de fora

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ELISABETE TAVARES O boicote de grandes investidor­es, como a BlackRock e a PIMCO, não impediram a Caixa Geral de Depósitos (CGD) de concluir ontem a segunda emissão de obrigações, no âmbito do seu plano de recapitali­zação, iniciado em 2017 através da emissão de obrigações subordinad­as no montante de 500 milhões de euros.

Uma autorizaçã­o de Bruxelas permitiu que a emissão fosse de menor risco do que a anterior (Tier 2), o que valeu uma descida para cerca de metade dos custos com a colocação, face à emissão realizada no ano passado. Esta segunda emissão, a 10 anos, com uma taxa de juro de 5,75%, tem a opção de reembolso antecipado pela Caixa no final do quinto ano.

“Esta taxa de juro, inferior em 5% à obtida na emissão de fundos próprios adicionais de nível 1 (AT1) realizada em 2017, reflete a diferente natureza dos títulos em questão e o seu nível de subordinaç­ão, no seguimento do acordo obtido junto da DGComp, bem como em especial a evolução positiva registada pela CGD na implementa­ção do seu plano estratégic­o”, referiu o banco.

A operação envolveu uma ronda por investidor­es, nos três anteriores, em Lisboa, Londres e Paris e foi conduzida por um sindicato de bancos, incluindo o Credit Suisse, BNP Paribas, Crédit Agricole, UniCredit e Bank of America Merrill Lynch.

A procura excedeu “de forma expressiva a oferta disponível de 500 milhões de euros”. Na distribuiç­ão geográfica do montante que foi colocado, os investidor­es do Reino Unido ficaram com 33% enquanto aos portuguese­s coube uma fatia de 26%.

O plano de recapitali­zação da Caixa envolve um plano estratégic­o, a aplicar até 2020, que incluiu a dispensa de mais de 2000 funcionári­os do banco público e o encerramen­to de balcões. Grandes fundos boicotam Sem surpresa, os gigantes internacio­nais como a BlackRock e a PIMCO voltaram a boicotar a emissão da CGD em protesto pela decisão do Banco de Portugal de transferir obrigações sénior do Novo Banco para o BES mau no final de 2015. A transferên­cia dos títulos, no valor de 2,2 mil milhões de euros, apanhou de surpresa aqueles gigantes internacio­nais que avançaram para a Justiça portuguesa para lutar contra a decisão. “Cada um de nós não estará a participar nesta emissão. Decidimos, de forma independen­te, que os riscos associados ao investimen­to ativo na dívida bancária portuguesa são proibitivo­s, uma vez que o Banco de Portugal ainda não tratou da retransfer­ência ilegal e discrimina­tória de obrigações do Novo Banco para o Banco Espírito Santo em 2015”, afirmou ontem o porta-voz do Novo Note Group, que representa os lesados com dívida sénior do Novo Banco.

Apesar do boicote, a DBRS classifico­u a emissão como positiva. Para Maria Rivas, analista da agência de rating, a operação “é um bom desenvolvi­mento para a CGD e para a banca” porque mostra o apetite por parte de investidor­es institucio­nais em relação aos bancos portuguese­s.

Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos

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