Diário de Notícias

Croácia nas asas de Modric deixa Argentina de Messi envergonha­da

Croatas goleiam e garantem passagem aos oitavos pela segunda vez na história. Argentinos em perigo de ficarem já pelo caminho

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MIGUEL HENRIQUES Argentina, com apenas um ponto somado, iguala o seu pior arranque de sempre na história num Mundial, algo que só tinha acontecido em 1974

O escândalo, o drama, o horror, imagens reais que se viram ontem no Estádio Nizhny Novgorod. O impensável aconteceu numa noite de sonho para uns e de puro pesadelo para outros. A vice-campeã do mundo Argentina foi derrotada (3-0) pela Croácia, naquela que foi apenas a sua quarta goleada na história da prova – a última acontecera em 2010 com a Alemanha por 4-0. E tudo perante o olhar na bancada de um envergonha­do Maradona que escondia o rosto entre as mãos a cada golo croata.

As expectativ­as geradas para este jogo eram muitas. Por um lado, era importante perceber qual seria a resposta da Argentina de Messi depois de uma exibição com pouca cor contra a Islândia e que terminou com um ainda mais surpreende­nte empate.

Por outro lado, o que valeria esta Croácia frente a uma equipa de maior nível depois de uma vitória consistent­e com a Nigéria por 2-0. A primeira parte deu-nos uma resposta sem golos, um jogo equilibrad­o e com oportunida­des repartidas. Acuña, que se estreava em Mundiais, teve pontaria a mais e acertou na barra num cruzamento/remate; Enzo Pérez teve pontaria a menos e perante uma baliza quase deserta atirou ao lado. Pela Croácia, Mandzukic atirou de cabeça às malhas laterais da baliza de Caballero. E Messi não aparecia no jogo.

Se alguém tivesse desligado a televisão, o rádio ou abandonado o estádio neste momento, nunca adivinhari­a o que viria a suceder na segunda parte.

Tudo começou num erro tremendo de Caballero, daqueles que ficam para a história, que o perse- guirá por muitos anos. O guarda-redes argentino tentou picar a bola na pequena área mas o toque saiu curto. Aproveitou Rebic (53’), de primeira, para marcar. E Messi não aparecia no jogo.

Entrou Higuaín, entrou Dybala e nada, a Argentina parecia ter desaprendi­do de jogar, corria sem sentido, a bola queimava e isso via-se nos passes errados e nos remates sem direção. A Croácia estava confortáve­l e perigosa nas transições como tanto gosta. E se não aparecia Messi no jogo, surgiu Modric. E de que maneira! Aos 80’, o médio bailou na frente de Otamendi fora da área e, de pé direito, fez a bola descrever um arco perfeito, daqueles que vale a pena ver em slow motion, até ao fundo da baliza. Um golo para mais tarde recordar e histórico porque nunca um jogador do Real Madrid tinha marcado em Mundiais à Argentina. A partir daqui, a equipa das pampas nunca mais se levantou, ficou atordoada, perdeu a cabeça, o que permitiu a Rakitic fazer o knockout com um 3-0 à beira do final da partida. E Messi nunca apareceu no jogo.

Em termos práticos, a Croácia está apurada para os oitavos, enquanto a Argentina senta-se para fazer contas que estão complicada­s. Com apenas um ponto em dois jogos, a seleção sul-americana conseguiu igualar o seu pior arranque de sempre num Mundial que tinha acontecido em 1974.

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O grande golo de Luka Modric, o segundo da Croácia

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