Sem dores no pé e com novo visual, Neymar quer voltar a “arrepiar”
Após estreia sem brilho e organização, Tite conta com o auxílio dos dois cabeleireiros do craque para reorganizar o penteado do Brasil
Nariko cuida da cabeça de Neymar, é ele o cabeleireiro oficial do craque. Mas também corta o cabelo ao selecionador Tite
O corte de cabelo de Neymar é uma boa metáfora para a estreia do Brasil no Mundial da Rússia: no início, pomposo, firme e reluzente; com o passar do tempo, porém, sem consistência, brilho e organização. O resumo preciso da atuação da seleção no frustrante empate (1-1) com a Suíça. O desafio de Tite hoje contra a Costa Rica (13.00), segundo adversário na competição, será justamente reorganizar o penteado da equipa para que o adepto brasileiro não entre em desespero e comece a arrancar os próprios cabelos.
Durante a semana de treinos, Tite contou com a preciosa ajuda de Nariko para essa missão. É Nariko quem cuida da cabeça de Neymar desde os tempos do Santos. Não na função de psicólogo da comissão técnica da seleção brasileira, mas como cabeleireiro oficial do avançado. Um dos “parças” – corruptela de “parceiro” – convidados às custas do astro brasileiro para acompanhar o Mundial na Rússia, Nariko tratou de consertar o polémico penteado após a estreia desastrosa – do penteado e de Neymar – contra os suíços.
A notícia de que Neymar havia mudado de corte concorreu na cobertura dos media do Brasil com a de que o jogador já treina sem sentir dores. Vítima da marcação implacável contra os suíços – sozinho, sofreu dez faltas –, Neymar deixou o primeiro treino, na última terça-feira, a queixar-se do pé. O mesmo pé, o direito, que há pouco mais de três meses sofreu uma fratura no quinto metatarso. Na sessão de quarta-feira, porém, os brasileiros respiraram de alívio: Neymar treinou normalmente e com um novo corte de cabelo.
Além de Neymar, Nariko também é responsável pelos cuidados no visual de outros jogadores da seleção, entre eles os titulares Casemiro, Philippe Coutinho e Gabriel Jesus. Sem falar no próprio Tite. Não se sabe se o hair stylist teve alguma influência, numa eventual conversa de pé de ouvido com o treinador entre uma tesourada e outra, mas ontem na conferência que antecedeu o confronto com a Costa Rica, Tite voltou a afirmar que Neymar tem toda a liberdade para continuar a insistir nas jogadas individuais. “É uma característica do jogador brasileiro que não vou tirar. Sempre digo: no terço final do campo, vai dentro e dribla”, afirmou.
Tite também mencionou várias vezes ser preciso paciência até Neymar recuperar a condição física adequada. Contra a Suíça, foi a primeira vez que atuou os 90 minutos desde a contusão em 25 de fevereiro pelo PSG. Nas contas do treinador, Neymar não estará apto antes de cinco jogos.
Na conferência, Tite também confirmou que repetirá o onze que começou o jogo contra a Suíça. A única alteração será na braçadeira de capitão, do defesa esquerdo Marcelo para o central Thiago Silva. O que não é uma novidade. Em pouco mais de 20 jogos na seleção, o técnico foi o responsável pela digressão da braçadeira por 15 braços diferentes. O motivo de mudar mais de dono do que Neymar de penteado é uma estratégia do selecionador brasileiro em diluir o peso da responsabilidade em vários ombros e estimular o sentimento de liderança na equipa.
Thiago Silva já participou do rodízio de capitães. O central, um dos remanescentes do “mineiraço” contra Alemanha em 2014, vê na braçadeira um sinal de ressurreição pessoal. “É um ponto positivo para mim. Depois de um período de fora das convocatórias, retornar em alto nível para a seleção”, disse. Na chamada Era Tite, a patente de capitão ficou mais tempo – quatro vezes – a cargo de Daniel Alves, preterido nas vésperas do Mundial por lesão. O defesa direito, porém, não deixou de dar a sua contribuição: foi ele quem, ainda nos tempos do Barcelona, apresentou Neymar a Wagner Tenório, o segundo cabeleireiro do atacante na Rússia, especialista em colorir e descolorir madeixas.
Portanto, caso o reparo no corte realizado por Nariko não seja suficiente, ainda resta a Tite e aos adeptos brasileiros a esperança de que Wagner Tenório possa alterar o tom do cabelo – e de quebra do futebol – de Neymar, e assim o Brasil volte a arrepiar no relvado.