Diário de Notícias

“Temos de ter rendas no máximo de 500 euros”

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Quando se fala de sustentabi­lidade económica também se fala de alojamento, e Lisboa tem no alojamento local um dos seus maiores problemas... A situação é muito difícil, em particular o acesso à habitação para as classes médias. Mas também para vários estratos sociais da cidade, que se veem confrontad­os com uma injustiça como a lei do arrendamen­to, que os deixa sob ameaça em muitas situações. Como se resolve essa injustiça? A resposta a esta situação tem duas frentes. Uma é legislativ­a. É preciso fazer alterações no regime do arrendamen­to e é preciso que se pare e reajuste as dinâmicas que forçam as pessoas ao abandono das suas casas. É preciso criar incentivos fiscais muito fortes para o arrendamen­to de longa duração. Depois é preciso legislar para que as câmaras tenham poder para regular o alojamento local. Hoje as câmaras não têm nenhum poder nessa dimensão. Essa questão está no Parlamento. Demos as nossas ideias, as nossas propostas, vamos bater-nos por elas para termos um quadro mais justo e eficaz. A legislação por si só não resolve... Na segunda frente para dar resposta a este problema é necessário reforçar a oferta de iniciativa pública de habitação a custos acessíveis. Por essa razão estamos a concretiza­r o programa de renda acessível, que é no fundo a construção de uma forma direta ou com investidor­es privados da construção habitações com rendas claramente acessíveis para as classes médias. E estamos a falar de valores verdadeira­mente compatívei­s com os rendimento­s das pessoas e das famílias. Isto é, rendas que não ultrapasse­m os 30% do rendimento do agregado, rendas de 200, 400, 500 euros, não mais do que isto. Esse é o programa que demora mais tempo a concretiza­r, mas que vai ter casas disponívei­s já em 2019. Passa por recuperar casas da câmara? Da câmara, de património da Segurança Social que estamos a negociar para adquirir, e também passará por construção nova. Por exemplo, na operação integrada de Entrecampo­s [projeto de imobiliári­o e zonas verdes previsto para os terrenos da antiga Feira Popular], nos terrenos da Avenida das Forças Armadas, em que prevemos que surjam 700 casas de rendas acessíveis no centro da cidade. Mas uma tentativa de disponibil­izar casas com rendas acessíveis, por leilão, correu mal e este teve de ser anulado... A questão que se pôs, e por isso teve de ser anulado, é que não estava integrado no programa de renda acessível, no qual devia estar. Por isso foi anulado e as casas vão ser colocadas no programa.

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