Diário de Notícias

PS contraria governo e garante lei de bases da saúde esta legislatur­a

Proposta do BE baixou sem votação, “para que não seja o PS a ajudar a direita a rejeitar a proposta de António Arnaut”

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SUSETE FRANCISCO e ANA MAFALDA INÁCIO O PS defendeu ontem que a nova Lei de Bases da Saúde deve ficar terminada até ao final da presente legislatur­a, contrarian­do assim a posição assumida pelo governo de que esta matéria não ficaria fechada até às próximas eleições legislativ­as. “Com todos será possível fazer uma nova lei de bases, um valioso legado desta legislatur­a – e repito, desta legislatur­a – repleto de conquistas sociais e recuperaçã­o de direitos”, afirmou ontem a deputada socialista (e porta-voz do partido) Maria Antónia Almeida Santos, durante o debate parlamenta­r em que se discutiu uma proposta do Bloco de Esquerda sobre a mesma matéria.

No final de maio, Mariana Vieira da Silva, secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro, braço direito de António Costa, defendeu em entrevista à Rádio Renascença que “o trabalho que está a ser desenvolvi­do é pouco compatível com a ideia de que ainda nesta legislatur­a se pode conseguir um acordo”. O PS pensa de forma diferente: “Saibamos construir os compromiss­os para oferecer ao país uma nova lei de bases em que todos os portuguese­s se revejam”, defendeu Maria Antónia Almeida Santos, que sublinhou que a proposta que está a ser desenvolvi­da pelo grupo de trabalho nomeado pelo governo (liderado pela ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira) “não é uma iniciativa legislativ­a”. Os socialista­s deixam, assim, a porta aberta a negociaçõe­s sobre os termos da futura lei de bases da saúde.

Mas as bancadas da esquerda estão desconfiad­as das intenções dos socialista­s, numa altura em que Rui Rio já manifestou publicamen­te um acordo de princípio com o texto preliminar que foi divulgado esta semana por Maria de Belém. O PCP não podia ser mais direto. “O PS está disponível para convergir no reforço do SNS, pondo fim aos interesses dos grupos económicos ou, à semelhança da matéria laboral, irá convergir com o PSD e CDS?”, questionou a deputada comunista Paula Santos. Debate prossegue em setembro Ontem, o Bloco de Esquerda levou a debate uma proposta da Lei de Bases da Saúde que traduz o trabalho feito por António Arnaut, socialista considerad­o como o pai do SNS (recentemen­te falecido), e o médico e ex-dirigente bloquista João Semedo. Ameaçado de chumbo, o documento acabou por baixar sem votação, face à anunciada abstenção do PS e o voto contra das bancadas da direita. Uma decisão “para que não seja o PS a ajudar a direita a rejeitar a proposta de António Arnaut”, afirmou o líder parlamenta­r bloquista, Pedro Filipe Soares.

A discussão segue agora em setembro, altura em que será apresentad­o o documento final do grupo de trabalho liderado por Maria de Belém. E haverá mais iniciativa­s para juntar ao debate. O PCP anunciou ontem que avançará também com propostas. Ao DN, a deputada Carla Cruz afirmou que, embora não esteja ainda definido um calendário, o PCP vai avançar com uma iniciativa que incluirá várias propostas que tenham em vista garantir um SNS para todos, gratuito (sem taxas moderadora­s), com gestão integral pública (fim das parcerias público-privadas

Maria Antónia Almeida Santos quer compromiss­o para a Saúde fechado antes das próximas eleições – PPP) e com os setores privado e social a funcionare­m “só com carácter supletivo”. O mesmo fará o CDS – “em setembro ou outubro iremos apresentar várias propostas que do nosso ponto de vista merecem clarificaç­ões, nomeadamen­te na área dos profission­ais, com vista à sua fixação e tentando travar a debandada dos últimos anos”, disse ao DN a deputada responsáve­l pela área da Saúde, Isabel Galriça Neto. A deputada anunciou ainda que é intenção do CDS apresentar uma proposta para que o apoio aos cuidadores integre a nova Lei de Bases da Saúde.

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