Diário de Notícias

Bloco quer saber efeito de vistos gold no imobiliári­o

Parlamento. Governo tem de explicar investimen­to imobiliári­o por concelhos e avaliar aumento de preços da habitação, pede o BE

- MIGUEL MARUJO

Sem impacto na criação direta de postos de trabalho, o Bloco de Esquerda quer conhecer “com rigor” o impacto dos vistos gold “no aumento dos preços da habitação” nas áreas metropolit­anas de Lisboa e Porto, depois de ter apresentad­o um projeto de lei que pretende eliminar este regime.

O deputado bloquista José Manuel Pureza explicou ao DN que, com o requerimen­to enviado ao governo, pretende saber-se “informação rigorosa por concelhos de cada área metropolit­ana relativame­nte à atribuição de vistos para compra de imobiliári­o”.

Por outro lado, confirmou o deputado, o grupo parlamenta­r do BE quer conhecer os “estudos de avaliação, que é suposto ter, que o governo só pode ter, do impacto desta medida em matéria de inflação do preço da habitação”. Ou, como traduziu Pureza, é necessário conhecer o “impacto na especulaçã­o imobiliári­a”, matéria que, segundo o deputado, tem sido “perturbado­ra da política das cidades”.

Segundo o deputado bloquista, “tem havido uma insistênci­a grande, da parte que a aplicação dos vistos não vem associada à criação direta de postos de trabalho, mas sim a postos de trabalho indiretos”. É por isso que, antecipou ao DN, os bloquistas querem saber “quantos postos de trabalho se criaram e em que setores” e que “relação de proximidad­e” há com esses vistos gold.

Para José Manuel Pureza, só com “informação rigorosa” se permite que a sociedade e o Parlamento possam avaliar esta medida. Com uma farpa deixada ao executivo socialista: essa “informação rigorosa” mostrará “que o governo está a avaliar em termos continuado­s esta política”. “É a sua obrigação”, apontou.

Depois do anúncio do projeto de lei que o BE apresentou para acabar com os vistos gold, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, considerou na TSF que o governo mexeu “entretanto” na lei para “baixar o limiar” nos projetos de investimen­to com criação de postos de trabalho “e também no sentido de atrair capital para fins culturais”. Ou seja, defendeu Santos Silva, “no sentido de valorizar também as razões de mecenato na concessão de autorizaçã­o de residência”. O governante recordou que este é um programa importante para Portugal porque tem atraído investimen­to. “Este instrument­o é útil, tem um efeito limitado, mas útil”, reagiu Santos Silva.

José Manuel Pureza notou que estas alterações tiveram poucos resultados, no caso do mecenato cultural. “Até agora foi zero.” E contrapôs que “o que está em causa é que este é um instrument­o que permite a compra da autorizaçã­o de residência” por parte de elites sociais e económicas.

“O governo pode propor alterações – e cá estaremos para avaliar essas propostas – mas duvidamos que a natureza dos vistos mude”, confessou o deputado, recordando que estes vistos gold são a porta aberta, nos países em que existe este regime, para “propósitos de origem criminal”. “Há outros que não, mas muitos são.”

No requerimen­to do BE, a que o DN teve acesso, os bloquistas defendem que “a especulaçã­o está a escorraçar dos centros urbanos e do acesso à habitação faixas da população, como os/as jovens e as pessoas idosas”, pelo que importa conhecer os dados relativos ao investimen­to imobiliári­o dos vistos gold.

Alterações feitas pelo governo, como investimen­to no mecenato cultural, não tiveram resultados. “Foi zero”, aponta o BE

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José Manuel Pureza está disponível para ouvir as propostas de alteração à lei

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