Diário de Notícias

Roma ameaça apreender navio com migrantes

Governo italiano pede para Malta acolher os 224 migrantes, caso contrário pode confiscar o que chama de “navio pirata”

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Enquanto pediu às autoridade­s maltesas para dar guarida ao navio Lifeline, com 224 migrantes a bordo, e operado pela organizaçã­o não governamen­tal homónima alemã, o governo italiano prosseguiu o pingue-pongue com Emmanuel Macron sobre a migração.

A autoridade portuária italiana requereu a Malta que deixe o navio de pavilhão holandês aportar, no que se pode tornar a segunda disputa entre Roma e La Valletta depois de nenhum ter recebido o Aquarius. Também a Espanha já reagiu, tendo oferecido ajuda humanitári­a a Malta.

Porque é o “porto mais próximo e seguro”, o ministro italiano dos Transporte­s, Danilo Toninelli, pediu a Malta para acolher o pedido de Itália e advertiu que o navio será apreendido se a rota for outra. “Se o navio da ONG Lifeline não for para o porto de Malta, o que pode e deve acontecer por humanidade e respeito à lei do mar, será confiscado de imediato”, disse. “Ficaria chocado com a desumanida­de de Malta se não recebesse o navio”, comentou ainda o ministro.

Por outro lado, Toninelli acusou a Lifeline de “operar em águas líbias, fora de todas as regras, fora do direito internacio­nal”.

Já o ministro do Interior, Matteo Salvini, que apodou o Lifeline de “navio pirata, como o do capitão Gancho”, declarou que a embarcação deve seguir para a Holanda.

Salvini, que é também vice-primeiro-ministro e líder da Liga (extrema-direita), não deixou o presidente francês ficar com a última palavra. Depois de Emmanuel Macron ter pegado na expressão “leprosos populistas” usado por Salvini, o chefe de Estado francês mostrou-se contra a “lepra em cresciment­o” que é o renascimen­to do nacionalis­mo e as fronteiras fechadas.

À Der Spiegel, Salvini disse que a Itália “não pode receber mais um único migrante, pelo contrário, quer entregar alguns” e que a França deve “parar de dar lições” ao seu país. Já num comício em Marina di Massa (Toscana), disse que Macron é “um educado jovem adulto que bebe muito champanhe”. C.A.

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