Diário de Notícias

Nos descontos, Brasil volta a ser o Brasil e vence primeiro jogo

Coutinho destravou o cadeado da Costa Rica e Neymar fechou o 2-0. O avançado e a seleção deram sinais de melhoras

- ÁLVARO FILHO

O Mundial que para o Brasil poderia ser o de Neymar, aos poucos vai-se desenhando como o torneio de Philippe Coutinho. Autor do golo no empate na estreia do Brasil com a Suíça, Coutinho tirou o grito preso na garganta dos adeptos no primeiro minuto da compensaçã­o (90’+1), ao destravar com o bico da chuteira o cadeado da Costa Rica. Com o portão já aberto, Neymar ainda encontrou tempo para fazer o segundo, aos 90’+7, e concretiza­r a primeira vitória brasileira na Rússia.

A imagem da partida, porém, não é a da alegria dos jogadores brasileiro­s após a vitória, mas do choro de Neymar, que desabou no relvado e não escondeu do mundo o peso de levar nas costas a expectativ­a de 200 milhões de adeptos.

Para ser justo com Neymar, contra a Costa Rica ele foi um outro Neymar em relação ao empate com a Suíça. Pese a diferença técnica entre os adversário­s, houve na atuação do atacante um pouco mais de ímpeto e brilho. Ainda não é a peça que o técnico Tite liberou para ir “para dentro” do adversário, mas já foi possível vê-lo atuar, para usar um termo bem brasileiro, com “sangue nos olhos”.

A história da partida contra a Costa Rica passa pelo duelo de Neymar com o guarda-redes Keylor Navas e o árbitro holandês Bjorn Kuipers. Por duas vezes, uma em cada parte, Navas levou a melhor. Foi também mais ágil a desviar com as mãos um remate do atacante de dentro da área, e com “os olhos”, outro de meia distância desferido por Neymar.

O embate entre Neymar e o árbitro foi igualmente intenso. Irritado com a marcação incansável e nem sempre leal, a estrela brasileira por diversas vezes exigiu do holandês mais pulso com as faltas adversária­s. Ainda no primeiro tempo, Kuipers fez um gesto com as mãos como se Neymar falasse demais. Ao intervalo, o avançado contra-atacou e o esperou no túnel para tomar satisfaçõe­s.

A relação entre Neymar e o árbitro parecia que iria estabiliza­r-se aos 78 minutos. Numa jogada na área, o brasileiro caiu após ter sido tocado. O primeiro reflexo do holandês foi marcar a penalidade, mas o videoárbit­ro corrigiu-o em seguida. Dois minutos depois, quando os costa-riquenhos haviam desistido de jogar e desabavam com frequência, o avançado do Brasil contestou com uma indiscipli­na e foi corretamen­te punido com o cartão amarelo.

Enquanto Neymar travava um duelo em duas frentes, o Brasil buscava os espaços. Ao intervalo, Tite substituiu Willian, uma espécie de holograma em campo, por Douglas Costa, o que mudou a dinâmica pelo lado direito. Aos 67’, o treinador brasileiro perdeu o pudor e colocou Firmino no lugar de Paulinho, fazendo-o pela primeira vez atuar ao lado de Gabriel Jesus.

Foi justamente por Firmino e Jesus que a bola passou antes de Coutinho empurrá-la para a malha. Saiu igualmente de Douglas Costa, pela direita, a jogada do segundo golo, com Neymar finalmente a ganhar o duelo com Navas. E o Brasil, finalmente a vencer no Mundial.

Neymar esteve envolvido num lance em que o árbitro assinalou penálti. Mas após consultar o videoárbit­ro, o castigo máximo foi anulado

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Neymar marcou o segundo do Brasil aos 90’+7

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