A melhor terapia de casal é no divã deste Mundial
Quando o futebol se mete no meio de marido e mulher, o resultado são guerras domésticas. O que vale é que há o Mundial para repor a harmonia familiar
Ele é de uma equipa e ela de outra. Ela ri-se, portanto, dos fiascos dele e ele vinga-se sempre que pode das derrotas dela. Vida de casal nem sempre é um mar de rosas. Motivos para amuos não faltam, mas o que vale é que, de quatro em quatro anos, há um Mundial para repor a harmonia entre marido e mulher. Flávio é do Cruzeiro e Lívia do Atlético Mineiro, duas grandes equipas de Belo Horizonte, no Brasil. Kjartan é adepto do KV Reykjavik e Hubba é fanática pelo Valur, um verdadeiro dérbi de Reiquiavique, na Islândia. Gilca torce pelo Basileia e Noah pelo Sion, os dois clubes a disputar o campeonato suíço. As rivalidades, por agora, estão suspensas. Valores mais altos se levantam. Apoiar a sua seleção é razão suficiente para torcerem pela mesma equipa durante o Mundial.
“O futebol é coisa séria entre nós”, explica Lívia. Tão séria que fogem um do outro quando a equipa de um joga contra a equipa de outro. Cada qual vai para o seu lado, mas na Arena Portugal, montada no Terreiro do Paço, em Lisboa, não estão muito tempo afastados. Os golos nem sequer sabem a golos se não houver “beijinhos e abraços”, conta Flávio, agarrando a mulher para mostrar que as tréguas no Mundial são genuínas.
Poder-se-ia pensar que as guerras domésticas pelo futebol são arrufos de casais latino-americanos. Mas os povos nórdicos também estão aqui para provar que a bola “é dos poucos assuntos” que colocam maridos contra mulheres e vice-versa. “Kjartan é o que se pode chamar de um adepto insuportável”, conta Hubba. Agora até dá vontade de rir, mas quando a equipa deste islandês joga contra a equipa desta islandesa, nem sequer dá para ficar perto dele. Há maridos e mulheres que não se entendem quando a bola se mete no meio, mas também há casais a darem-se lindamente. Linws Ayozie e Temi Layeni estão na Praça do Comércio pela seleção nigeriana. E quando regressarem a casa vão torcer pelo Superego. E não há mais discussão.