Diário de Notícias

Governo defende a entrada de 75 mil imigrantes

-

António Costa diz que o país precisa de mais imigrantes para combater a quebra demográfic­a e o envelhecim­ento

É preciso que em Portugal entrem, por ano, cerca de 50 mil estrangeir­os para assegurar uma população em idade ativa, segundo números de um estudo de 2017 da Fundação Francisco Manuel dos Santos. E o governo espera atrair 75 mil imigrantes por ano.

Numa altura em que os países europeus se fecham cada vez mais à entrada de migrantes, Portugal pode surgir como um país mais aberto à entrada de estrangeir­os. Só em 2016, o nosso país recebeu mais de 61 mil novos residentes, o valor mais elevado desde 2009.

No mesmo ano, mais de 23 mil jovens estudantes estrangeir­os escolheram universida­des e politécnic­os nacionais para completare­m a sua formação.

Assim, o governo está a estudar formas de atrair novos habitantes para Portugal, antecipou a edição de ontem do jornal Expresso. Conforme o DN já tinha avançado a 8 de junho, o executivo está a elaborar um decreto regulament­ar sobre a atual lei de imigração para facilitar a entrada de estrangeir­os no país. “Razões humanitári­as” O governo admite conceder autorizaçõ­es de residência por “razões humanitári­as” a imigrantes ilegais que estão a trabalhar no nosso país e não têm prova da sua entrada legal, como é exigido por lei (num detalhe que faz toda a diferença em relação ao novo projeto de lei proposto pelo BE).

Esta é uma das medidas que o executivo socialista assume para concretiza­r um desígnio já anunciado por António Costa: atrair mais imigrantes para combater a crise demográfic­a no nosso país.

O Ministério da Administra­ção Interna (MAI) já enviou para as associaçõe­s de imigrantes um projeto de decreto regulament­ar com as novas regras, através das quais, no entender do executivo, se irá concretiza­r este objetivo.

A atração de mais imigrantes passa, por exemplo, pela concessão de autorizaçã­o de residência a quem apresente uma promessa de contrato de trabalho e não exclusivam­ente um contrato, como era antes exigido. Num balanço feito pelo Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF) na primeira semana de entrada em vigor da nova lei, houve um aumento de 1300% (mais 4073) de novos pedidos de agendament­o. O governo refutou a causa-efeito, mas o SEF deixou de disponibil­izar dados.

No projeto de decreto regulament­ar exige-se que a “promessa” de contrato de trabalho seja confirmada “por sindicato, por representa­nte de comunidade­s migrantes com assento no Conselho de Migrações ou pela Autoridade de Condições para o Trabalho” e seja acompanhad­a por “documento que comprove a entrada legal do requerente em território nacional”. Ou seja, estancará um eventual temido efeito de chamada.

No estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, lê-se também que sem a entrada de migrantes, Portugal perderia, até 2060, 40% da população em idade ativa. SÓNIA SALGUEIRO SILVA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal