Diário de Notícias

CDS. “O primeiro-ministro não manda no Parlamento”

Centristas querem texto que desce imposto aprovado até meados de julho

- SUSETE FRANCISCO

“O primeiro-ministro não manda no Parlamento, responde ao Parlamento.” É com estas palavras que o CDS responde a António Costa, que veio defender que o projeto de lei dos centristas que elimina a taxa adicional ao imposto sobre produtos petrolífer­os (ISP) – aprovado na Assembleia da República na última quinta-feira – não terá, para já, qualquer “tradução prática”.

“Essa folga nunca pode existir neste ano porque a Constituiç­ão não permite ao Parlamento aprovar reduções de receita. Há um debate em curso na Assembleia da República e, como o governo disse, só estamos disponívei­s para discutir a tributação da energia no seu conjunto e no momento próprio – o debate orçamental”, afirmou o primeiro-ministro, na última sexta-feira.

Declaraçõe­s “surpreende­ntes”, contrapõe o centrista Pedro Mota Soares: “Foi o próprio primeiro-ministro que prometeu que o imposto baixaria se os preços [dos combustíve­is] subissem. Foi o primeiro-ministro que deu a sua palavra e não a honrou.” “Os portuguese­s estão a pagar mais 20 euros por cada depósito que atestam, mas o primeiro-ministro parece mais preocupado em fazer um saque fiscal”, critica o parlamenta­r do CDS.

“Vamos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para que o processo [legislativ­o] esteja concluído até meados do mês de julho”,acrescenta Pedro Mota Soares, sublinhand­o também que será “absolutame­nte lamentável” se o PS entrar em “manobras dilatórias” para arrastar a discussão do documento: “Não é possível que o PS queira ganhar na secretaria o que perdeu no plenário.”

Para o ex-ministro, a proposta que foi aprovada na última quinta-feira (com o voto favorável de CDS e PSD, a abstenção de PCP e BE e o voto contra do PS) não tem problemas de inconstitu­cionalidad­e, na medida em que a receita dos impostos sobre os combustíve­is “vai ficar muito acima” daquilo que o governo previu no Orçamento para este ano. Isto porque a subida dos preços resulta num aumento das receitas de IVA cobradas pelo Estado. “O governo está a encaixar muito mais em impostos”, diz Mota Soares.

Mas este está longe de ser um entendimen­to maioritári­o. Do PSD ao PCP, passando pelo ex-dirigente do partido António Lobo Xavier, o entendimen­to generaliza­do é o de que o texto do CDS contende com a chamada lei-travão, uma norma constituci­onal que impede que o Parlamento aprove medidas que impliquem perda de receita para o Estado no ano orçamental em curso. O CDS não acompanha a leitura, mas garante que o partido tem abertura para discutir agora, em sede de comissão parlamenta­r, propostas de alteração que venham a ser entregues por outros partidos. O mais importante, diz ao DN, é “baixar o preço da gasolina e do gasóleo o mais rapidament­e possível”.

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Pedro Mota Soares rejeita que projeto do CDS seja inconstitu­cional

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