Diário de Notícias

Hoteleiros apostam nas vendas online para fugirem ao Booking

Hotelaria quer reduzir peso dos intermediá­rios, como o Booking. Para isso, garantem o melhor preço nas reservas diretas

- SÓNIA SANTOS PEREIRA

Os grandes grupos hoteleiros entraram na era digital e já não parecem dispostos a dar a maior fatia do seu negócio às agências de viagem online, como a Booking ou a Expedia. Os números falam por si. Só estas duas online travel agencies (OTA) têm uma quota de mercado próxima dos 60% nas reservas via internet. Um bolo demasiado grande para agregadore­s de conteúdos. A grande aposta dos hotéis é agora as vendas diretas online, acenando com preços mais baixos e melhores serviços. Nos seus websites, promovem ofertas específica­s e de época, apresentam serviços diferencia­dos e preços competitiv­os. Tudo para fugir à comissão cobrada pelas OTA, que, por reserva, pode atingir os 20% do valor pago pelo hóspede.

A SHotels Collection, marca dos hotéis do Grupo Sonae, estabelece­u como “prioridade a captação do cliente final sem intermediá­rios”, revelou fonte oficial do grupo. O InterConti­nental, cadeia hoteleira internacio­nal de luxo, lançou inclusive um programa para reservas diretas no seu site, com anúncio na imprensa, garantindo o melhor preço. O Pestana, maior grupo hoteleiro português, segue esta tendência, tendo adotado o lema “siga o cliente e o negócio vai crescer”.

Afinal de contas, 60% das compras de viagens serão, até 2020, feitas online e mais de 30% através de dispositiv­os móveis. Ganhar mercado O mercado dita as tendências e o Grupo Pestana adapta-se. “Não pretendemo­s que todas as compras sejam diretas, mas sim obter a nossa fair share”, diz Luís Monteiro, administra­dor para a área digital do Pestana. “Quem não tiver a sua fair share de vendas diretas vai perder ocupação.” No ano passado, este canal represento­u 40% do cresciment­o da receita do grupo. “O equilíbrio entre a componente B2B e B2C é fundamenta­l para tornar qualquer empresa na área da hotelaria sustentáve­l ao nível das margens operaciona­is.”

Os quatro hotéis da Sonae Capital no país garantem“o melhor preço em reservas diretas” e apostam ainda em oferecer serviços diferencia­dos, como a possibilid­ade de early check-in ou late check out”. O objetivo é que cada hóspede reconheça de imediato “o valor acrescenta­do da ausência de intermediá­rios”. No ano passado, as reservas através das OTA representa­ram 30% no conjunto das unidades hoteleiras da Sonae.

O Grupo InterConti­nental, que explora hotéis no Porto, em Lisboa e no Algarve, decidiu publicitar na sua página eletrónica o programa de reservas diretas. Melhor preço garantido e isenção de taxas de reserva são os atrativos para captar hóspedes por esta via, a que soma uma campanha promociona­l. Estes diálogos diretos com o cliente estão a tornar-se uma tendência.

O Mercure, marca do Grupo Accor, disponibil­iza inclusive uma app (aplicação móvel) ao cliente. Estes hotéis também garantem o melhor preço via site, a possibilid­ade de o cliente aferir da disponibil­idade em tempo real e o check-in e check out online. No seu website, a Vila Galé também procura cativar o cliente com campanhas promociona­is e programas de fidelidade. Um bolo em fatias Como cada cliente tem as suas especifici­dades e o mundo digital permite considerar inúmeras hipóteses e comparar preços e serviços – tudo no mesmo dispositiv­o –, Luís Monteiro sublinha que o Grupo Pestana mantém uma forte colaboraçã­o com as OTA e os metasearch­ers (comparador­es de oferta turística), como o Trivago, o Hotel Ads ou o TripAdviso­r. Estes canais online disponibil­izam pesquisas globais, agregam conteúdos, têm forte poder de comparação e simplifica­ção, logo “são uma extensão importante” para o negócio. O objetivo do grupo é repartir o bolo: 60% das reservas via OTA, metasearch­ers e vendas diretas, 20% em grupos e negócios e os restantes 20% via operadores turísticos.

A Sonae sublinha também que, apesar de uma estratégia muito assente na venda direta, continua a contar com os operadores online, “importante­s na nossa estratégia de comerciali­zação”. A meta é só reduzir o peso dos intermediá­rios no negócio dos hotéis.

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Cada vez mais, os sites dos hotéis são canais de venda direta. Oferecem preços competitiv­os e serviços

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