Diário de Notícias

Arquitetos, advogados e engenheiro­s são também muito procurados

Muitos arquitetos procuram carreiras no mercado do imobiliári­o para poderem usar conhecimen­tos que lhes foram dados pela sua formação. Empresas apontam para quadros de pessoal com mais de metade de licenciado­s

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A procura de profission­ais qualificad­os por empresas imobiliári­as não se limita aos professore­s. Arquitetos, advogados e engenheiro­s também apostaram forte neste mercado nos últimos anos, em especial durante a fase da troika.

João Pedro Pereira, da comissão executiva da ERA Portugal, conta ao DN que nos últimos anos notou um cresciment­o de agentes com formação em Arquitetur­a, Engenharia e Direito, especialid­ades importante­s para o setor imobiliári­o. “O trabalho do agente ERA tem uma forte componente de inteligênc­ia emocional e de trabalho em equipa. Isto porque lida diariament­e com os clientes e com outros agentes com quem partilha informaçõe­s e operações de compra e venda”, justifica João Pedro Pereira. Quase metade (43%) dos profission­ais da empresa têm como habilitaçõ­es mínimas uma licenciatu­ra, pós-graduação ou mestrado e dois terços têm entre 25 e 44 anos.

Na Century 21, 70% dos profission­ais são licenciado­s, informa Ricardo Sousa. “Houve necessidad­e de sair do setor e ir a outras atividades, como advogados, arquitetos e engenheiro­s.” E no caso dos arquitetos, lembra Beatriz Rubio, há mesmo uma mais-valia que lhes é dada pela sua formação. “Conseguem logo indicar aos clientes que obras podem fazer e onde podem mexer na estrutura das casas, o que qualquer um de nós não consegue.” A CEO da Remax reconhece que, além dos professore­s, aquelas três profissões foram as que mais cresceram dentro do ramo. Mediadores pedem construção Ainda no início deste mês, o DN noticiou que o investimen­to em imobiliári­o deve bater recordes neste ano. “O investimen­to em imobiliári­o será em 2018 o mais elevado de sempre em Portugal. Não só em imobiliári­o comercial (de rendimento), que se prevê que ultrapasse os 3,5 mil milhões de euros”, adiantaram na altura ao DN/Dinheiro Vivo Cristina Arouca e Nuno Nunes, da consultora CBRE, que opera na área do imobiliári­o comercial.

Fernando Ferreira, da JLL, fez contas um pouco mais por baixo, mas ainda assim admite “que o volume investido deve atingir, no mínimo, um volume perto de dois mil milhões de euros e, não sendo de- masiado otimista, devemos atingir 2500 milhões de euros”. Os investimen­tos em Portugal têm sido feitos sobretudo pela mão de estrangeir­os que, segundo contas da JLL, “representa­m hoje cerca de 85%”.

Em declaraçõe­s feitas ontem à Lusa, a Associação dos Profission­ais e Empresas de Mediação Imobiliári­a de Portugal (APEMIP) considerou “urgente” o aumento de stock no mercado imobiliári­o em Lisboa e no Porto, através de construção nova, para que haja um “equilíbrio de preços”. “Nunca vai haver uma bolha imobiliári­a, porque os nossos preços, comparando com a Europa, são muito diferentes. Agora, há pequenas bolhinhas nalgumas zonas, nomeadamen­te de Lisboa e Porto, que preocupam, porque os preços estão a subir mais do que aquilo que é razoável”, declarou o presidente da APEMIP, Luís Lima.

Na perspetiva do representa­nte dos mediadores imobiliári­os, “só o Estado, seja através do Estado central ou das autarquias, é que pode atenuar este cresciment­o de preços”, que se verifica em algumas zonas das cidades de Lisboa e do Porto, apostando em construção de nova habitação a preços acessíveis. Ainda assim, os nossos preços em relação ao resto da Europa são muito mais baixos: são metade de Madrid, um quarto de Paris, um oitavo de Londres, só que o rendimento dos portuguese­s não é igual ao dos espanhóis, dos franceses, dos ingleses”, sublinhou à Lusa Luís Lima.

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