“A imigração é boa. Sem ela os EUA não exisitam”
Secretário-geral criticou Trump em encontro com comunidade portuguesa
Num encontro com a comunidade portuguesa em Washington, António Guterres afirmou que “a imigração é uma coisa boa e sem ela os EUA não existiam”, no que pode ser interpretado como referência aos mais recentes acontecimentos na fronteira entre EUA e México, onde milhares de crianças foram separadas dos pais, detidos ao tentar entrar ilegalmente nopaís. Osecretário-geraldas Nações Unidas falava na primeira cimeira Palcus – Portuguese American Leadership Council.
No seu discurso, Guterres criticou os países que usam os imigrantes como bodes expiatórios dos seus problemas – como acontece em vários países europeus – e alertou para os perigos destes “tempos difíceis”.
Orgulhoso de Portugal
António Guterres elogiou Portugal, um país onde “nunca uma campanha contra a imigração pôs alguém no poder” e afirmou-se “muito orgulhoso disso”. “Tem que ver com a capacidade portuguesa de sermos cosmopolitas”, mas também “com o investimento feito na coesão e integração”. É também por isso que as pessoas “querem viver em Portugal”.
Os elogios do antigo primeiro-ministro estenderam-se à comunidade –“forte e dinâmica ”– de que este encontroé exemplo. Reunidos em Washington estão mais de 300 portugueses de sucesso. Além de empresários, membros eleitos da Jim Costa, congressist ada Califórnia, e Devin Nunes, que dirige o comité de Inteligência do Congresso e que tem sido apoiante das políticas de Trump.
Pelos dados do Palcus, há mais de cem membros eleitos portugueses nos EUA. O que, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, também presente, significa que estamos a fazer “melhor lóbi”. O orgulho português foi a tónica mais importante. “Quanto mais ando pelo mundo mais me orgulho de ser português e dos portugueses.” Jim Costa, congressista pela Califórnia, referiu esse orgulho, durante muito tempo não sentido ou alardeado. “Sempre nos assimilámos, a partir da segunda geração, e assim é difícil manter laços.”
Algo está a mudar
O juiz Phillip Rapoza referiu que quando entrou no tribunal só havia dois portugueses:“Eu e o empregado da limpeza.” Quando se reformou, já eram mais de cinco. E deixou um conselho: “Votem, mostrem que são importantes.” O encontro do Palcus, organização que começou nos anos 1990, mostra como a comunidade está diferente. “Hoje temos uma voz forte, forte participação cívica”, diz Angela Simões, a executiva da organização. Os 300 portugueses e descendentes que se encontraram num hotel emWashington concordam.