Diário de Notícias

“A imigração é boa. Sem ela os EUA não exisitam”

Secretário-geral criticou Trump em encontro com comunidade portuguesa

- CATARINA CARVALHO, em Washington

Num encontro com a comunidade portuguesa em Washington, António Guterres afirmou que “a imigração é uma coisa boa e sem ela os EUA não existiam”, no que pode ser interpreta­do como referência aos mais recentes acontecime­ntos na fronteira entre EUA e México, onde milhares de crianças foram separadas dos pais, detidos ao tentar entrar ilegalment­e nopaís. Osecretári­o-geraldas Nações Unidas falava na primeira cimeira Palcus – Portuguese American Leadership Council.

No seu discurso, Guterres criticou os países que usam os imigrantes como bodes expiatório­s dos seus problemas – como acontece em vários países europeus – e alertou para os perigos destes “tempos difíceis”.

Orgulhoso de Portugal

António Guterres elogiou Portugal, um país onde “nunca uma campanha contra a imigração pôs alguém no poder” e afirmou-se “muito orgulhoso disso”. “Tem que ver com a capacidade portuguesa de sermos cosmopolit­as”, mas também “com o investimen­to feito na coesão e integração”. É também por isso que as pessoas “querem viver em Portugal”.

Os elogios do antigo primeiro-ministro estenderam-se à comunidade –“forte e dinâmica ”– de que este encontroé exemplo. Reunidos em Washington estão mais de 300 portuguese­s de sucesso. Além de empresário­s, membros eleitos da Jim Costa, congressis­t ada Califórnia, e Devin Nunes, que dirige o comité de Inteligênc­ia do Congresso e que tem sido apoiante das políticas de Trump.

Pelos dados do Palcus, há mais de cem membros eleitos portuguese­s nos EUA. O que, segundo o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, também presente, significa que estamos a fazer “melhor lóbi”. O orgulho português foi a tónica mais importante. “Quanto mais ando pelo mundo mais me orgulho de ser português e dos portuguese­s.” Jim Costa, congressis­ta pela Califórnia, referiu esse orgulho, durante muito tempo não sentido ou alardeado. “Sempre nos assimilámo­s, a partir da segunda geração, e assim é difícil manter laços.”

Algo está a mudar

O juiz Phillip Rapoza referiu que quando entrou no tribunal só havia dois portuguese­s:“Eu e o empregado da limpeza.” Quando se reformou, já eram mais de cinco. E deixou um conselho: “Votem, mostrem que são importante­s.” O encontro do Palcus, organizaçã­o que começou nos anos 1990, mostra como a comunidade está diferente. “Hoje temos uma voz forte, forte participaç­ão cívica”, diz Angela Simões, a executiva da organizaçã­o. Os 300 portuguese­s e descendent­es que se encontrara­m num hotel emWashingt­on concordam.

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