Diário de Notícias

70% das casas de porteiras vão para venda ou aluguer

Situação acentuou-se nos últimos anos e nos centros de Lisboa e do Porto

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Condomínio­s mais recentes preferem contratar serviços externos Setenta por cento das casas de porteira dos condomínio­s na Grande Lisboa e no Grande Porto foram vendidas ou arrendadas para habitação. O levantamen­to deste mercado é feito pelos técnicos da Loja do Condomínio (LDC), que administra 6800 condomínio­s em Portugal com 170 mil proprietár­ios.

O diretor executivo da LDC, Paulo Antunes, explicou à agência Lusa que a causa principal para aquela situação prende-se com a falta de candidatos a porteiras/os, acabando os proprietár­ios por lhes dar outra utilidade.

A segunda causa tem que ver com a necessidad­e de realizarem dinheiro. “Como desde há muito tempo que é quase impossível recrutar pessoas para este serviço, as casas acabam por ter outros destinos, principalm­ente para os condóminos conseguire­m alguma receita para fazer face a outras despesas.”

Esta dinâmica tem-se acentuado na última década e na Grande Lisboa e no Grande Porto. As casas das porteiras concentram-se nas zonas mais antigas das duas cidades. “Foi uma moda de uma determinad­a época que hoje já nem sequer se verifica”, argumenta aquele responsáve­l.

Paulo Antunes não consegue dizer se há atualmente um maior incremento na venda das habitações anteriorme­nte destinadas às porteiras, o que percebe é que é uma tendência que tem sido gradual. Acrescenta que a transação, por norma, acaba por estar ligada à necessidad­e dos proprietár­ios dos apartament­os em obterem meios financeiro­s para obras de manutenção dos edifícios. “Como os condóminos não têm dinheiro, encontram ali um recurso e acabam por optar pela venda da habitação, assim como pelo arrendamen­to.” Realizar dinheiro e não turismo No entanto, na maioria dos casos, os proprietár­ios têm optado pelo arrendamen­to da habitação destinada à porteira, continuand­o esta na posse do condómino. “Claramente que já não existe essa utilidade [...], tem havido uma migração desse tipo de serviços, da tradiciona­l porteira para a contrataçã­o de empresas externas”, reforçou Paulo Antunes, avançando que “muitos dos condomínio­s mais recentes nem sequer já têm casa de porteira”.

Questionad­o sobre o uso de casas de porteira para investimen­tos no setor do turismo, o diretor executivo da LDC diz desconhece­r casos de transação ou de arrendamen­to destas frações para operadores do alojamento local ou com fins turísticos. “Não quer dizer que não possam existir casos pontuais, mas não o vejo como fenómeno direto de venda da casa da porteira para alojamento local”, frisou. LUSA

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