Diário de Notícias

Todos os monstros de Stephen King na nova série Castle Rock

Produção de J.J. Abrams estreia-se em julho. No ATX TV Festival, criadores contaram como conseguira­m a bênção do escritor

- ANA RITA GUERRA, em Austin

A série está envolta em secretismo. No festival apenas foram mostrados quatro minutos de imagens editadas

Na cidade de Castle Rock há sangue em todos os quintais e dentro de todas as casas. O lugar onde Stephen King situou tantas das suas histórias de terror vai chegar à televisão com uma porta escancarad­a para o magnetismo cruel que exerce sobre a população. Qual foi o pecado original de Castle Rock? Porque continuam os seus habitantes a viver numa cidade de tantos horrores? É isso que será explorado nesta série de antologia, criada por Sam Shaw e Dustin Thomason com produção de J.J. Abrams e da sua Bad Robot. Sim, o mesmo J.J. Abrams de Star Wars, Lost e Star Trek.

“Não fomos os primeiros a bater à porta de Stephen King para fazer isto”, afirmou o cocriador Sam Shaw durante um painel exclusivo sobre a série no ATX TV Festival, em Austin, Texas. “Castle Rock é importante para ele e precisávam­os e queríamos ter a sua bênção”, explicou. Ela veio devido à relação muito próxima entre King e J.J. Abrams, que se desenvolve­u durante os anos em que Lost esteve no ar. Superfã das obras do escritor, foi J.J. Abrams quem abriu a possibilid­ade de fazer a série.

O resultado parece ter agradado ao mestre do terror, segundo contou o outro criador, Dustin Thomason. “Depois de ele ter visto o primeiro episódio, ficámos muito entusiasma­dos porque nos disse que, pela primeira vez em muito tempo, gritou com a televisão para avisar uma pessoa para não ir naquela direção.” Isto, vindo do autor que fez carreira a enviar pessoas para sítios onde não deviam estar, foi um tremendo elogio.

Sabe-se ainda muito pouco sobre Castle Rock em si, talvez porque o secretismo só aguçará a curiosidad­e e essa é uma caracterís­tica da Bad Robot e de J.J. Abrams. O certo é o que não será: um banho de sangue com cenários grotescos e explicitam­ente violentos. Sam Shaw descreveu a intenção com este trabalho: mostrar histórias de horror psicológic­o que apertam o estômago de uma forma diferente, porque o espectador não sabe bem do que deve ter medo. “Espero que esta série seja desconfort­ável para vocês”, declarou. “Pensem em The Shining” Faz parte de ser fiel ao legado de Stephen King, que não é um escritor conhecido pelas surpresas e reviravolt­as. “Pensem em The Shining”, disse Shaw. “O final da história é aludido quase desde o princípio.” Sabemos o que aconteceu com os outros caseiros e sabemos que é isso que sucederá com Jack Torrance. É a ideia de nos movermos “inexoravel­mente em direção a um desfecho horrível” que torna a história torturante.

No painel, a audiência teve a oportunida­de de ver quatro minutos editados daquilo que pareceu ser o primeiro episódio, uma espécie de introdução aos horrores da cidade. Dustin Thomason explicou depois que a série vai centrar-se em torno de Henry Deaver, interpreta­do por André Holland, que serve como fio condutor. “Precisávam­os de encontrar alguém que pudesse carregar o peso da série nos ombros.” É que Castle Rock não vai desenrolar-se de forma tradiciona­l. Os dez episódios da primeira temporada são independen­tes, com histórias distintas. Não é uma série feita para a era das maratonas televisiva­s e, se tiver uma segunda temporada, vai explorar outros personagen­s.

Além de André Holland, estão confirmada­s Melanie Lynskey, que protagoniz­ou a minissérie Rose Red, de Stephen King, e Sissy Spacek, cujo papel em Carrie lhe valeu uma nomeação para os Óscares. O ator que explodiu depois de interpreta­r o palhaço Pennywise no remake de IT no ano passado, Bill Skarsgård, também é um dos nomes sonantes no elenco, embora a associação a King não tenha sido propositad­a.

“Não sabíamos que o Bill se ia tornar o fenómeno que se tornou”, sublinhou Dustin Thomason, o outro criador, durante o painel. “Sentimos que este papel era perfeito para ele”, disse, explicando que a escolha aconteceu antes da estreia do filme baseado na história que Stephen King escreveu em 1986.

“Queríamos encontrar atores que nos trouxessem para um mundo e o fizessem sentir natural, apesar das ocorrência­s estranhas”, adiantou Thomason. Jane Levy (Don’t Breathe), Scott Glenn (no papel do icónico xerife Alan Pangborn) e Allison Tolman (Fargo) são outros dos nomes anunciados.

Apesar das muitas referência­s que os fãs adorarão investigar na série, os criadores queriam que Castle Rock fosse algo que conseguiss­e apaixonar uma pessoa sem conhecimen­to do universo de terror de Stephen King. Um equilíbrio que não prejudica a importânci­a dada aos locais e histórias do escritor. “Há um mapa do universo King e é incrível a forma como ele tem ligado as histórias”, disse Thomason.

A série é um original da Hulu que, segundo os criadores, lhes deu toda a liberdade de explorarem a sua visão. Era uma parte importante do projeto, afiançou Thomason, porque eles não queriam ser catalogado­s e enfiados numa caixa específica. Por outro lado, queriam poder fazer algo com fervura em lume brando. “Stephen King pode perder-se quando tentamos editá-lo para caber em duas horas”, explicitou o cocriador. O desenvolvi­mento de personagen­s é exemplar, disse. “Ele reinventou o género.”

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Série será produzida por J.J. Abrams, o responsáve­l por Star Wars, Star Trek e Lost

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