Diário de Notícias

Hospitais têm um mês para desenhar orçamento de 2019

Ministério deu até 27 de julho para que os hospitais discutam com as administra­ções regionais de saúde os investimen­tos para 2019. Preparação do Orçamento do Estado na área da saúde nunca tinha arrancado tão cedo

- PEDRO VILELA MARQUES

Administra­ções têm mais duas semanas para se reunir com os vários serviços para definir objetivos de produção e carências de recursos humanos

Os hospitais têm um mês para comunicar as necessidad­es de pessoal e de financiame­nto que terão no próximo ano. Num despacho enviado já em junho ao setor da saúde, o ministério arrancou com o processo de preparação do Orçamento do Estado, a primeira vez que começa tão cedo, em que impõe que os hospitais públicos concluam até 27 de julho as negociaçõe­s com as administra­ções regionais de saúde sobre os investimen­tos para 2019.

O documento, assinado a 30 de maio pela secretária de Estado Rosa Valente de Matos, dá também até 13 de julho para que as administra­ções se reúnam com os vários setores dos hospitais para definir os objetivos de produção e as carências de recursos humanos para o próximo ano. Uma negociação que coincide precisamen­te com a entrada em vigor da lei das 35 horas de trabalho, por exemplo, para todos os enfermeiro­s, que tem levado a Ordem e os sindicatos a alertar para a necessidad­e de contrataçã­o de mais cinco mil profission­ais para evitar o encerramen­to de serviços.

Caso não façam o que lhes é pedido, os hospitais ficam à mercê dos critérios das administra­ções regionais de saúde. “O não cumpriment­o dos prazos aqui definidos determina que serão as ARS a definir, unilateral­mente, a proposta de produção, as metas dos objetivos de qualidade e eficiência e a estrutura de gastos e rendimento­s a incluir no Acordo Modificati­vo para 2019 das entidades do Setor Empresaria­l do Estado.” Mas as próprias ARS também estão obrigadas a recolher até 20 de julho as estimativa­s de orçamentos para o próximo ano tendo em conta, nomeadamen­te, os objetivos na área dos cuidados primários, da saúde pública ou dos programas para tratamento­s de dependênci­as.

“Este processo nunca tinha sido feito tão cedo”, informa Ricardo Mestre, vogal do conselho diretivo da Administra­ção Central do Sistema de Saúde, entidade encarregue de liderar este processo. “Geralmente isto era feito em agosto, quando se iniciavam os trabalhos para elaboração do Orçamento do Estado. A ideia desta antecipaçã­o é ter tudo preparado nessa altura.” Em entrevista ao DN a propósito do acesso aos cuidados de saúde no ano passado, e em resposta a uma pergunta sobre as queixas em relação às faltas de enfermeiro­s, Ricardo Mestre argumenta: “Para se fazer bem o trabalho, temos de planear com tempo, e é isso que estamos a fazer. O que não quer dizer que não se resolvam esses casos pontuais, que são importante­s.”

Mobilidade e reorganiza­ção Na área dos recursos humanos, o despacho da secretária de Estado da Saúde reforça a intenção de transferir profission­ais entre instituiçõ­es do Serviço Nacional de Saúde e reorganiza­r serviços, com a recolocaçã­o de funcionári­os. Quanto a contrataçõ­es, o texto refere apenas que é preciso “determinar o mapa de pessoas com base nas necessidad­es dos vários serviços e tendo em conta a disponibil­idade orçamental e a carteira de serviços prevista para cada entidade”.

Questionad­o em relação à contrataçã­o de enfermeiro­s e assistente­s até ao final deste ano, profissões que são das mais desfalcada­s nos hospitais, Ricardo Mestre lembra apenas o que disse o ministro da Saúde na semana passada na Assembleia da República, em que afirmou que pelo menos dois mil profission­ais chegariam aos hospitais no próximo mês. “Há expectativ­as de que serão contratado­s os profission­ais necessário­s, mas olhando também para outras variáveis, como a produtivid­ade e necessidad­es de reorganiza­ção dos serviços.”

O Orçamento do Estado de 2018 previa cerca de 10,3 mil milhões de euros para a saúde, mais perto de 500 milhões em relação ao ano anterior. Entre as grandes linhas do ano passado estavam o investimen­to em obras ou construção de novos hospitais: Hospital Central de Évora, Unidade Hospitalar do Seixal, Hospital de Lisboa Oriental, Unidade Hospitalar de Sintra e a ampliação do IPO de Lisboa.

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Despacho da secretária de Estado da Saúde reforça a intenção de transferir profission­ais entre instituiçõ­es do SNS e reorganiza­r serviços

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