CTT quer ser o parceiro da Amazon para Portugal
Correio. Empresa liderada por Francisco Lacerda já tem acordo com o gigante do comércio online em Espanha. Aposta nas encomendas visa contraria quebra das cartas
Com o negócio postal em queda, os CTT têm apostado, crescentemente, no segmento expresso e encomendas. Um negócio em que é líder de mercado, com 30%, mas muito aquém dos mais de 90% de quota que tem no serviço postal. E a empresa está apostada em reforçar esse papel, com a conquista da Amazon em Portugal.
O gigante do e-commerce não tem ainda operação em Portugal, mercado que abastece a partir de Espanha. O que faz que as compras feitas através do site cheguem aos clientes portugueses através de transportadoras espanholas como a Seur. Em Espanha, os CTT têm já acordo com a Amazon para a distribuição de encomendas no país vizinho, através da sua participada Tourline Express. Uma operação que Francisco Lacerda assume pretender “desenvolver e robustecer”.
Ainda não somos [os distribuidores da Amazon em Portugal] mas um dia destes seremos”, deixou escapar o CEO dos CTT, num encontro com jornalistas, no Porto, e a propósito da crescente apetência dos portugueses pelas compras online. Francisco Lacerda precisou que “um destes dias é uma força de expressão”, mas reconheceu o interesse no cliente. “Estamos permanentemente a trabalhar clientes-alvo que nos parecem interessantes. Vamos conseguindo uns e outros não, e uns agora e outros depois. É o dia-a-dia da vida de uma empresa que atua num mercado concorrencial”, argumentou. Mas, garante, os CTT têm uma posição ímpar no mercado. “Somos um concorrente forte, capaz, com uma oferta muito interessante e com uma integração única, com uma rede de carteiros que não há mais quem tenha em Portugal.”
De acordo com os resultados do primeiro trimestre, os rendimentos do negócio expresso e encomendas subiram 29,7% para 22,8 milhões. Este segmento teve “o melhor ritmo de crescimento desde a privatização”, em dezembro de 2013, sublinhou, então, Francisco Lacerda. Uma performance que contrasta com a quebra do negócio dos serviços de correio e atividade postal, que, em dez anos, caiu para metade. Em 2017 foram entregues pouco mais de 600 milhões de cartas. Como a distribuição de encomendas está a crescer, desde há três anos que os CTT decidiram atribuir essa tarefa aos carteiros, aumentando o número de giros motorizados em detrimento dos giros a pé.
Questionado sobre a plataforma conjunta de comércio eletrónico que os CTT e a Sonae estão a preparar, um investimento de 15 milhões de euros e que pretende, precisamente, ajudar as empresas portuguesas a “tirarem partido do crescimento generalizado do comércio eletrónico”, Francisco Lacerda nada mais adiantou. Quanto ao plano de transformação operacional, apresentado em dezembro e que tanta polémica tem gerado, com o encerramento de lojas, o CEO garante que o número de postos se mantém estável e que não vai diminuir. O número global de trabalhadores – 12 mil – também não se alterou, assegura, mas reconhece que o plano prevê o corte de 800 postos de trabalho até 2020.