Diário de Notícias

Autarquias podem vir a substituir EDP na distribuiç­ão de eletricida­de

Energia. ERSE afirma que há câmaras interessad­as em substituir a EDP na distribuiç­ão de eletricida­de em casas de famílias e pequenas e médias empresas.

- ELISABETE TAVARES

Há autarquias interessad­as em substituir a EDP na distribuiç­ão de eletricida­de pelas casas das famílias e pequenas e médias empresas. Foram vários os municípios, nomeadamen­te no norte do país, que manifestar­am interesse em fazer a exploração direta da distribuiç­ão de eletricida­de na rede de baixa tensão, garante o regulador do setor energético. Mas as autarquias que escolherem esta via “têm de apresentar um estudo económico”, explicou Cristina Portugal, presidente da ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energético­s. “São os municípios que decidem se querem explorar ou não”, afirmou ontem, num encontro com jornalista­s sobre o tema.

As autarquias têm o direito histórico sobre as concessões da distribuiç­ão de eletricida­de em baixa tensão, mas agora, com o fim dos contratos com a EDP, podem escolher entre fazer uma nova concessão, eventualme­nte com novos operadores, ou assumir a gestão direta da rede. Neste último caso, deixam de receber rendas anuais e têm de ressarcir a EDP pelos ativos da rede afetos à concessão em causa. Se optarem por concession­ar, além das rendas, podem vir a receber um valor adicional da concession­ária mas que não pode ser repercutid­o nas tarifas e nos clientes.

Os prazos das concessões, fixados em 20 anos, têm diferentes datas para terminar, com os últimos a ter termo em 2026. Mínimo de 600 mil clientes A ERSE propõe três modelos de distribuiç­ão das concessões pelo território nacional. A proposta faz parte de um conjunto de regras que o regulador propõe para o concurso público que vai ser lançado em 2019 e que são hoje colocadas em consulta pública. Cada concessão deve ter mais de 600 mil clientes (pontos de entrega) para ser economicam­ente viável, segundo um estudo no qual se baseou o regulador. “É preciso encontrar o ‘ponto de caramelo’ tendo em conta a realidade atual e o que a lei impõe”, explicou Vítor Marques, diretor de Custos e Proveitos da ERSE. A distribuiç­ão em baixa tensão é regida pela Lei 31/2017, a Resolução do Conselho de Ministros 5/2018 e o Decreto-Lei 172/2006. Custos uniformes O concurso para a atribuição de concessões terá ainda de respeitar a uniformida­de tarifária, a coesão territoria­l e não pode haver um aumento de custos. Das três propostas avançadas pela ERSE para distribuiç­ão geográfica das concessões, a que apresenta os custos mais aproximado­s entre si é a terceira opção, com a divisão do território continenta­l em Norte e Centro Norte e Sul e Centro Sul. O custo anual para distribuir eletricida­de a cada cliente é estimado, respetivam­ente, em 76,58 euros e 74,08 euros. Nas outras duas opções, o território é dividido em cinco concessões, com o Alto Alentejo a ser incluído na concessão da Área Metropolit­ana de Lisboa na segunda opção.

Em aberto, fica a possibilid­ade da rede de iluminação pública passar a estar separada da rede de baixa tensão, à semelhança do que acontece em outros países.

A ERSE consultou a Associação Nacional de Municípios Portuguese­s (ANMP) antes de lançar a proposta, que vai estar em consulta pública até 17 de agosto. Será apresentad­o um primeiro relatório ao governo e à ANMP, a que se seguirá um relatório final, para o concurso avançar durante 2019.

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Linhas, cabos e postos de transforma­ção pertencem à rede de distribuiç­ão da EDP. Vai ter de receber compensaçõ­es

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