Diário de Notícias

Ronaldo mais perigoso do que no Real deixa Uruguai em alerta

Ronaldo melhora os seus números do Real e ganha no comparativ­o com Suárez e Cavani. Como pará-lo, perguntam uruguaios

- RUI FRIAS

“Agarrem o monstro.” “Como se trava Ronaldo?” “Tem de se anular a pegada de Ronaldo.” Não é segredo para ninguém, nem os uruguaios fazem questão de o disfarçar. Pelo contrário. Basta um olhar pelos principais diários do Uruguai para o perceber: Cristiano Ronaldo é o perigo maior que faz soar os alertas no próximo adversário de Portugal. E as exibições do capitão da seleção nacional neste Mundial da Rússia só fizeram aumentar essa noção, como comprovam os números disponibil­izados pelo site GoalPoint: Ronaldo está ainda mais perigoso com a camisola portuguesa neste campeonato do que o foi com a do Real Madrid ao longo da última época.

Com um excelente arranque de Mundial, Cristiano, que já fez quatro golos nos relvados russos, supera também o comparativ­o direto com a (também ela) perigosa dupla atacante uruguaia Luis Suárez e Edinson Cavani – que, em conjunto, assinou três golos. Uma superiorid­ade que não se resume a golos marcados, estendendo-se a vários domínios do jogo, como remates, remates enquadrado­s, passes eficazes ou ações com bola (ver quadro).

Em vários dos items analisados pelo Goalpoint, Cristiano Ronaldo revela mesmo estar num plano superior àquele que desfilou esta temporada no Real Madrid. E não se pode dizer que a fasquia estivesse baixa.

Pelos merengues, o internacio­nal português terminou La Liga com 26 golos e uma eficácia comprovada por uma média superior a um golo por cada 90 minutos jogados (1,03). No Mundial, com uma amostra naturalmen­te menor (três jogos), a eficácia está ainda mais apurada: 1,33 golos por cada 90 minutos. Se no campeonato espanhol precisou, em média, de 87 minutos para marcar cada golo, no campeonato do mundo são só 68 minutos – números que refletem, claro está, o monumental hat-trick de estreia com a Espanha.

A superior eficácia reflete-se também no número de remates de que precisa para marcar um golo: 3,8 no Mundial, contra 6,8 na Liga espanhola. A percentage­m de remates enquadrado­s, de remates convertido­s, o número de ações com bola, as faltas sofridas, o número de passes tentados e o número de passes eficazes são outras dimensões que reforçam a melhor versão de CR7 neste Campeonato do Mundo, onde além de mostrar eficácia refinada tem aparecido muito mais envolvido no jogo coletivo do que vinha habituando, no Real, nos últimos anos.

Ao contrário de Ronaldo, a dupla atacante uruguaia Suárez e Cavani apresenta neste Mundial piores registos do que os que apresentar­am ao longo da época nos respetivos clubes (Barcelona e PSG), em quase todos os items de análise. Na primeira fase, de resto, o Uruguai, que ganhou todos os jogos, impression­ou sobretudo pela solidez defensiva – não sofreu mesmo qualquer golo, tendo marcado os “mesmos” cinco do que Portugal.

Ronaldo, Ronaldo, Ronaldo Claro que o futebol é um jogo coletivo e Uruguai e Portugal não se resumem às suas estrelas. Mas parar Cristiano Ronaldo é o pensamento que ocupa a mente dos uruguaios na preparação da partida de amanhã. E o manual de instruções que atravessa os media do Uruguai contempla uma série de mandamento­s: não cometer faltas perto da área (o livre frente à Espanha está aí, bem fresco, para o relembrar); não lhe dar espaços para receber a bola, muito menos dentro de área; juntar linhas defensivas para fechar vias de circulação; fazer-lhe marcação dupla à zona; e talvez até se justifique uma marcação individual, a cargo de Torreira.

Tudo está estudado, mas... “A grandeza dos craques reside em serem capazes de encontrar espaços impossívei­s e, muitas vezes, sair triunfante­s quando todo o mundo sabe o que se dispõem a fazer”, advertem no jornal La Republica.

E Cristiano Ronaldo “é um desses jogadores imprevisív­eis”, resume Marcelo Mendez, treinador do Progreso, um dos técnicos a quem recorreu o El Observador para tentar perceber como parar o capitão da seleção portuguesa.

Não cometer faltas perto da área, não lhe dar espaço para receber a bola, talvez até marcação individual: como os uruguaios pensam parar CR7

 ??  ?? RONALDOCAV­ANI
RONALDOCAV­ANI
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal