Diário de Notícias

Mais um grão de areia na engrenagem da geringonça

SEGURANÇA SOCIAL PS aliou-se ontem à direita para chumbar proposta do PCP que punha empresas a pagar em função dos lucros

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O ambiente vai azedando dentro da maioria de esquerda. O PS juntou-se ontem ao PSD e CDS para chumbar um projeto de lei do PCP para uma nova taxa sobre os lucros das empresas, reforçando as fontes de financiame­nto da Segurança Social. Os votos a favor dos proponente­s, do BE e do PEV (o deputado do PAN absteve-se), não foram suficiente­s para salvar o projeto.

A iniciativa do PCP visava essencialm­ente criar uma taxa de 10,5% que colocaria as empresas a pagar as suas contribuiç­ões à Segurança Social em função do seu valor acrescenta­do líquido ( VAL), mas descontand­o já as restantes contribuiç­ões, por exemplo de 23,75% por salário de cada trabalhado­r.

Ou seja, cada empregador só pagaria a eventual diferença entre as contribuiç­ões normais e a referida taxa sobre os lucros, já após pagamento de impostos e despesas de investimen­to, entre outras. Cada patrão ficaria isento caso as contribuiç­ões regulares para a Segurança Social perfizesse­m ou ultrapassa­ssem os referidos 10,5% do VAL.

O projeto de lei comunista excluía ainda do pagamento desta eventual nova taxa “as administra­ções públicas e as entidades sem fins lucrativos, na medida em que não geram lucros”.

O PCP reagiu mal à decisão do PS de votar contra. João Oliveira, líder parlamenta­r dos comunistas, recordou aos socialista­s que esta medida correspond­e a um compromiss­o “escrito” na posição conjunta do PS com o PCP que viabilizou o governo minoritári­o chefiado por António Costa. Oliveira até recordou ao deputado do PS João Galamba uma frase deste. “Ficaremos a saber quais são os dois lados em que se divide o hemiciclo” – e isto para dizer que os socialista­s se colocaram com esta decisão do lado direito do Parlamento.

No debate que antecedeu a votação, um deputado do PS, José Rui Cruz, admitiu a “bondade” do projeto de lei comunista. Defendeu, no entanto, que antes de avançar para uma medida destas se deveria fazer um “balanço” para avaliar o impacto das medidas já tomadas pelo governo para aumentar as receitas da Segurança Social. J.P.H., com LUSA

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