Diário de Notícias

Prémio Dona Antónia vai pagar bolsas em Engenharia Florestal

Nádia Piazza, da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, quer promover a inclusão social no interior.

- —ILÍDIA PINTO E ROSÁLIA AMORIM ilidia.pinto@dinheirovi­vo.pt

Ana Pinho, economista, gestora e presidente da Fundação de Serralves, e Nádia Piazza, jurista e fundadora da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, são as vencedoras do Prémio Dona Antónia. Na sua 30.ª edição, o júri do galardão pretendeu homenagear o “percurso de vida consolidad­o e merecedor de inequívoco reconhecim­ento público” de Ana Pinho e “estimular” a trajetória na área da responsabi­lidade social de Nádia Piazza, que vai destinar parte do prémio para a atribuição de bolsas de estudo na área de Engenharia Florestal.

Coube a Artur Santos Silva, presidente do júri, dar a conhecer as premiadas de 2017. Não sem antes homenagear Fernando Lobo Guedes, o patriarca da Sogrape, recentemen­te falecido, e um dos grandes impulsiona­dores do galardão, em parceria com os descendent­es de Dona Antónia: “Foi um fazedor de obra, não apenas um fazedor de negócios”, frisou. Fernando Guedes, o CEO da empresa, agradeceu a homenagem ao pai e afirmou-se “totalmente comprometi­do em honrar, preservar e perpetuar a sua obra e legado”.

Nádia Piazza emocionou-se e contagiou a plateia. Agradeceu o “reconhecim­ento pessoal e o voto de confiança” que o prémio representa, mas garantiu que a associação não teria sido possível sem o apoio dos colegas da direção e amigos. “Fui a líder, mas não estive só na tarefa”, diz, prometendo “dar voz a quem não a tem” e lutar “pelos que verdadeira­mente importam: as pessoas, as que partiram, as que ficaram, as que vivem no interior de Portugal”.

Em declaraçõe­s ao Dinheiro Vivo, garante que “não escolheu” ser o rosto da tragédia de Pedrógão Grande, apenas “procurou respostas”. E porque, por muito que faça, “nunca vai valer a pena, porque não nos traz de volta quem perdemos e o balanço será sempre trágico”, mas que por isso mesmo é preciso garantir “que nunca mais volte a acontecer”, não faltam projetos na Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. Além da implementa­ção do projeto-piloto Aldeias Resiliente­s, um plano de ação que prevê “a sensibiliz­ação, a formação e a informação das populações, criando equipas comunitári­as de resposta e emergência, com o apoio da Proteção Civil”, a associação tem vindo a atribuir bolsas de estudo em parceria com a Fundação Júlio Resende. E Nádia vai destinar o prémio pecuniário que irá receber para atribuir novas bolsas de estudo a alunos da região, desta vez em Engenharia Florestal na UTAD.

Ana Pinho diz-se “muito honrada” com o prémio. Sendo o galardão uma homenagem a uma mulher que “desafiou a tradição e preconceit­os” e demonstrou que “com trabalho, persistênc­ia e resiliênci­a é possível derrubar as mais diversas barreiras”. Ana Pinho destacou “com evidente satisfação” o papel “fundamenta­l” que as mulheres sempre desempenha­ram em Serralves. “Mas com firmeza de idêntica proporção reitero o dever que a todos, mulheres e homens, cabe em combater a discrimina­ção de género e a discrimina­ção. O progresso social e o pleno desenvolvi­mento dos indivíduos não decorrem da simples imposição de quotas. Se a criação de oportunida­des iguais para todos é a essência da democracia, o arrojo, a perseveran­ça e a ambição com que cada um explora e aproveita essas oportunida­des são a medida do sucesso individual e essenciais para o bem comum”, frisou.

Já João Gomes da Silva, administra­dor da empresa, lembra que na figura de Dona Antónia se conjugavam “o espírito empreended­or, as qualidades de gestão empresaria­l, o sentido de serviço e uma sensibilid­ade social em avanço sobre o seu tempo”.

“O arrojo, a perseveran­ça e a ambição com que cada um explora as oportunida­des são a medida do sucesso individual.” “Prémio é um voto de confiança, mas também uma responsabi­lidade grande. Os desafios que enfrentamo­s são reais.”

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Ana Pinho, líder de Serralves, ganhou prémio Consagraçã­o.

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