Diário de Notícias

Go Parity Investimen­to verde para qualquer pessoa apoiar

Plataforma de crowdfundi­ng portuguesa apoia projetos de energia sustentáve­l que cumpram objetivos de desenvolvi­mento da ONU.

- —DIOGO FERREIRA NUNES diogofnune­s@dinheirovi­vo.pt

A Go Parity é a primeira plataforma portuguesa de financiame­nto coletivo (crowdfundi­ng) por empréstimo que apoia projetos que promovam a sustentabi­lidade e a eficiência energética. Nascida em 2016, esta startup já ajudou empresas e associaçõe­s a arrecadar mais de 600 mil euros e impediu a emissão de 293 toneladas de dióxido de carbono. Qualquer pessoa pode ajudar, com um investimen­to mínimo de 50 euros por projeto, e cada empréstimo tem crédito garantido.

Ao contrário do que acontece com a plataforma Raize, bolsa de empréstimo­s para pequenas e médias empresas, as campanhas da Go Parity estão limitadas para as associaçõe­s ou empresas que cumpram seis dos objetivos de desenvolvi­mento sustentáve­l das Nações Unidas.

A Cerâmica de Pegões é um desses exemplos. Com mais de 50 anos de experiênci­a, pretende angariar um total de 275 mil euros para instalar um sistema fotovoltai­co para autoconsum­o nas suas instalaçõe­s. Até agora, esta é a maior campanha de sempre da Go Parity.

Nuno Brito Jorge é um dos fundadores desta plataforma, que terá de se registar junto da CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s. “Queremos dar um papel mais ativo aos cidadãos. Há muito bons projetos nas áreas das energias verdes que acabam por não avançar porque têm falta de financiame­nto adequado dos bancos ou dos fundos de investimen­to”, assinala este fazedor.

“Os bancos não têm ferramenta­s para apoiar os projetos de média dimensão, entre os 50 mil e os 300 mil euros; e os fundos de investimen­to também não olham para estas iniciativa­s porque não compensa o dinheiro gasto no processo de verificaçã­o de contas (due dilligence), explica o também cofundador da empresa de kits de painéis solares Boa Energia.

Embora não seja um banco ou um fundo de investimen­to, a Go Parity também faz a avaliação detalhada de cada projeto antes de começar a campanha de financiame­nto.

É nesta fase que são determinad­as a taxa de juro aplicada a todos os investidor­es e a maturidade do empréstimo coletivo. A avaliação de risco técnica e financeira é feita por uma equipa de seis pessoas.

Nuno Brito Jorge assinala que este processo “mede o nível de risco da empresa e os resultados esperados pelo projeto. Atribuímos uma taxa de juro de referência, definimos a maturidade e garantimos que a poupança da empresa ou da associação não é toda gasta nas despesas com o empréstimo”. É nesta fase que também são afastadas as empresas com perfil de alto risco, que estão proibidas de pedir crédito na Go Parity.

As receitas da plataforma são obtidas à custa das entidades que querem receber o empréstimo: é cobrada uma taxa inicial entre 2,5% e 5%, além de uma fee aplicada ao longo do projeto. O investidor no projeto não paga mais do que o montante investido e recebe parte do capital e juros todos os meses.

Para minimizar o risco de perda, os empréstimo­s na Go Parity “são de crédito garantido. Há uma penhora sobre os equipament­os, que servem de garantia. A dívida sénior é a primeira a ser paga no caso de insolvênci­a. O dinheiro feito com a venda dos equipament­os serve para pagar o empréstimo”, assegura este fazedor.

A Go Parity, até ao final deste ano, quer ajudar as empresas a captar 1,5 milhões de euros junto dos investidor­es; e até ao final do próximo ano espera chegar aos 2,5 milhões de euros, acompanhad­os por dois mil investidor­es.

Os projetos apoiados terão de continuar a cumprir alguns dos 17 objetivos de desenvolvi­mento sustentáve­l definidos pelas Nações Unidas em 2015 e que são válidos até 2030: acabar com a pobreza; assegurar água e saneamento para todos; garantir energia sustentáve­l; combater os impactos das alterações climáticas; conservar os recursos marinhos e combater a desflorest­ação.

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FOTO: DR Luís Couto e Nuno Brito Jorge são os fundadores da plataforma Go Parity.

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