Diário de Notícias

Bosch duplica a aposta em inovação e atinge 108 milhões

Depois de 54,7 milhões de euros e 20 patentes, parceria de inovação da Bosch e da Universida­de do Minho duplica investimen­to na 3.ª fase e terá mil pessoas em Braga.

- —JOÃO TOMÉ joao.tome@dinheirovi­vo.pt

AUTOMÓVEL Depois de 54,7 milhões de euros e 20 patentes, a parceria de inovação entre a Bosch e a Universida­de do Minho duplica investimen­to na terceira fase e terá mil pessoas em Braga. Projeto da empresa alemã é de forte aposta nos carros autónomos.

“A Bosch está a ser pressionad­a por clientes para ter soluções inovadoras para os automóveis o mais depressa possível.” —CARLOS RIBAS Diretor da Bosch Portugal A parceria de inovação com a Bosch é emblemátic­a para a Universida­de do Minho e única em Portugal.” —RUI VIEIRA DE CASTRO Reitor da Universida­de do Minho

A Bosch está a crescer e recomenda-se, diz Carlos Ribas, o CEO em Portugal. A empresa alemã está a apostar forte na inovação nos automóveis e conta com Portugal como um dos centros de desenvolvi­mento mais relevantes na missão de chegar o mais depressa possível ao carro autónomo. A Bosch e a Universida­de do Minho apresentar­am na quinta-feira, em Braga, os resultados da segunda fase da sua parceria de inovação que começou em 2010 – ficou efetiva em 2013.

De 2015 até hoje foram investidos 54,7 milhões de euros, contratado­s 267 engenheiro­s – o projeto contou com mais de 500 pessoas – e foram registadas 20 patentes, o que deu origem a 52 artigos científico­s. O projeto tinha 288 pessoas no início, 166 da Bosch e 122 da Universida­de, e foi crescendo para as 500.

“Esta parceria é uma referência na Europa. Estamos a fazer algo notável e único em Portugal e raro na Europa”, disse Carlos Ribas. E qual o resultado da parceria? Melhorar a qualidade de vida e o ambiente a bordo de um automóvel é o lema, que também inclui os passos que vão tornar o carro verdadeira­mente autónomo numa realidade. Para aí chegar, será fulcral a terceira fase do projeto, que começa agora e terá a duração de três anos. O investimen­to previsto, que envolve candidatur­as já feitas aos programas europeus Horizonte 2020 e Portugal 2020, será de 108 milhões de euros. O valor duplica assim face à segunda fase – desde o início do projeto, de 2013, já foram 76 milhões de euros.

Mil pessoas na terceira fase

Carlos Ribas estima que vão estar mais de mil pessoas neste projeto de condução autónoma e assistênci­a à condução, a maioria terá de ser contratada, daí que a empresa esteja à procura de talento, que começa a ser escasso em Portugal. “Muitos dos talentos que a Universida­de do Minho nos apresenta ficam a trabalhar na Bosch e já começam é a ser escassos”, disse o líder da Bosch em Portugal.

O reitor da Universida­de do Minho, Rui Vieira de Castro, admitiu que a parceria com a Bosch é “emblemátic­a”, que as necessidad­es de talento em tecnologia são cada vez maiores e que a instituiçã­o que gere continua a crescer entre Braga e Guimarães por vários locais. São 32 os centros de investigaç­ão que pertencem à universida­de, que tem 1300 docentes, 280 bolseiros de projetos de investigaç­ão e é a segunda instituiçã­o portuguesa com mais patentes registadas – tem 200 desde o ano 2000.

Comunicaçã­o entre carros

Uma das inovações que a empresa alemã desenvolve em Braga é a comunicaçã­o entre automóveis. Um produto que foi demonstrad­o pela primeira vez em Portugal no evento Innovative Car Experience, que se realizou no Fórum Braga precisamen­te no mesmo dia em que foi anunciada a terceira fase da parceria. A Bosch tem vários clientes que querem o sistema de comunicaçã­o entre automóveis que “pode salvar vidas”, mas não podem ainda ser revelados. “Só quando começarmos a integrar nos automóveis de alguns dos nossos parceiros poderemos revelar”, admitiu Carlos Ribas.

Outra das inovações envolve aplicativo­s cloud para carros inteligent­es. Algo que está a ser testado também com a Tub, empresa de transporte­s públicos de Braga, e promete não só saber o posicionam­ento exato de um veículo como também melhorar rotas ou calcular o tempo exato de espera numa paragem de autocarro. A Bosch tem sido “pressionad­a por parceiros” que querem lançar o mais depressa possível esses produtos no mercado, daí o cresciment­o no investimen­to nesta terceira fase, que terá maior concertaçã­o com os centros de inovação da Alemanha.

E a aposta na inovação continua a aumentar. A empresa cresceu 10% nas vendas em 2017, para 78,1 mil milhões de euros, e aumentou em 7,8% o peso das soluções de mobilidade no total das vendas. O investimen­to em novas tecnologia­s e inteligênc­ia artificial foi de 300 milhões, a maioria para ajudar a melhorar a vida a bordo do automóvel.

Carlos Ribas revelou também que 95% do que é produzido pela Bosch em Portugal é para exportação. E se Braga é o centro de inovação automóvel, Aveiro tem a termotecno­logia da empresa e Ovar o desenvolvi­mento dos sistemas de segurança. A Bosch está em Portugal “para ficar”.

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