Diário de Notícias

Turquia e Tunísia ameaçam levar cem mil turistas do Algarve

Governo tenta atrair novos mercados para compensar a quebra de turistas britânicos. Algarve, com a Madeira, é das regiões mais afetadas e pode perder cem mil ingleses neste ano.

- Texto: Rita Rebelo

MERCADOS O turismo de países que passaram pela Primavera Árabe volta a recuperar e já rouba turistas a Portugal. Algarve pode perder cerca de cem mil ingleses até ao fim de 2018. O governo prepara plano para atrair turistas a novas regiões.

Os turistas ingleses estão a escolher cada vez menos Portugal para passar férias. E já não é só o brexit ou a desvaloriz­ação da libra que afasta aquele que é o principal mercado emissor para Portugal: a Turquia, o Egito e a Tunísia estão em recuperaçã­o e promovem-se como destinos mais baratos.

Os hoteleiros mostram-se preocupado­s, sobretudo no Algarve e na Madeira, onde os efeitos são mais visíveis e onde o governo está a testar uma campanha para atrair novos mercados que possam atenuar esta perda. “Corremos o risco de acabar o ano com menos 110 mil turistas britânicos no Algarve”, admite Elidérico Viegas, presidente da AHETA, a associação que representa a hotelaria algarvia, evidencian­do a queda de 14,1% do número de britânicos em junho. Além dos ingleses, os alemães e irlandeses foram protagonis­tas das maiores quedas, cada um deles com – 19,7%.

O apertar de cinto dos ingleses tem sido parcialmen­te compensado com acréscimos de mercados como a Dinamarca, Noruega, Suécia, Polónia, Luxemburgo e Alemanha, aponta o líder da associação.

Até abril, Portugal perdeu 30 mil ingleses (-6,3%), mostra o Instituto Nacional de Estatístic­a. Mas até ao final do ano os números podem catapultar. “Assistimos a uma transferên­cia destes mercados tradiciona­is” à conta da retomada do turismo em países prejudicad­os por períodos de instabilid­ade no passado, lembra o responsáve­l. Elidérico Viegas não esconde a preocupaçã­o: “Tem sido um processo gradual, mas muito acentuado e progressiv­o.” Em todo o caso, esta redução não se sente ainda no volume de vendas, onde se verificou um aumento 2,1% em junho e de 3,7% no acumulado deste ano.

António Trindade, presidente do grupo hoteleiro PortoBay Hotels & Resorts, confirma o pior cenário,

Presidente da Associação de Administra­dores Hospitalar­es diz que “os privados não querem fazer as cirurgias mais complicada­s”.

Pressão nos tempos e nas contas Numa coisa Óscar Gaspar e Alexandre Lourenço estão de acordo: o número de vales-cirurgia passados pelos hospitais públicos está como nunca esteve. “Aumentou no ano passado e continua a subir neste ano. Recebo todos os dias informaçõe­s de que os prestadore­s privados não têm mãos a medir com pedidos de unidades públicas”, diz o representa­nte dos privados. Alexandre Lourenço confirma: “Os envios vão aumentar ainda mais, porque os tempos máximos de resposta garantidos foram apertados pelo governo. Temos hospitais que já enviaram mais doentes para os convencion­ados em meio ano do que no total do ano passado.”

Este cenário faz aumentar a relação de dependênci­a dos privados em relação ao Estado na saúde. Isto porque, apesar das 25 mil cirurgias feitas por convencion­ados no ano passado, “no contexto global são apenas 4% dos operados” do SNS , que “tem capacidade para subir essa produção”, segundo uma fonte da Saúde. O peso nos privados é bastante maior.

 ?? FOTO: PAULO SPRANGER/GI ?? Só no Algarve, a perda de ingleses pode ultrapassa­r os cem mil turistas.
FOTO: PAULO SPRANGER/GI Só no Algarve, a perda de ingleses pode ultrapassa­r os cem mil turistas.
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal