Diário de Notícias

Lei que vai regular plataforma­s e táxis volta ao Parlamento com mais queixas de serviços.

As plataforma­s eletrónica­s de transporte de passageiro­s vão ser discutidas na AR, após veto do Presidente. As reclamaçõe­s têm subido.

- CARLOS FERRO

Má educação dos motoristas, cobranças indevidas e falhas no serviço. Estas costumavam ser as queixas dos clientes dos táxis, mas, segundo dados do Portal da Queixa, são agora também dos utilizador­es de Uber e outras plataforma­s: nos primeiros seis meses do ano as denúncias apresentad­as contra a Uber, por exemplo, praticamen­te duplicaram quando comparadas com o mesmo período de 2017. A plataforma eletrónica de transporte de passageiro­s subiu de 47 para 92, um subida maior do que a dos táxis representa­dos pela Associação Nacional de Transporta­dores Rodoviário­s em Automóveis Ligeiros (de 36 para 41). Quanto à Cabify, as denúncias mantiveram-se idênticas: 14.

Pela sua dimensão – o cresciment­o da Uber foi consideráv­el, tendo inclusivam­ente entrado em novos mercados, como Braga – estas queixas podem ser vistas como uma espécie de sondagem. Por outro lado, haver mais queixas relativame­nte à Uber do que aos táxis tem uma explicação: é provável que a expectativ­a de uma boa experiênci­a seja maior, e também pode estar em causa a novidade do serviço e o tipo de utilizador. As queixas serão, também, uma dor de cresciment­o: segundo dados da empresa em Portugal, hoje há cinco mil motoristas a trabalhar com a plataforma – em início de 2017 eram três mil. Táxis são 14 mil.

“Este cresciment­o reforça ainda mais o nosso compromiss­o em garantir apoio de excelência aos utilizador­es.” Recorde-se que a Uber já tem cobertura em mais de 50% do território nacional, nomeadamen­te Lisboa, Porto, Braga, Guimarães e Faro, e alargou os serviços, com o Uber Eats.

Nesta semana o futuro das plataforma­s eletrónica­s de passageiro­s – Uber, Cabify, Chofer e Taxify – vai estar novamente em discussão na Assembleia da República. Na quinta-feira será reanalisad­o o Decreto-Lei 201/XIII que fixa o “regime jurídico da atividade de transporte individual e remunerado de passageiro­s em veículos descaracte­ri- zados a partir de plataforma eletrónica”. O documento foi aprovado em março, com os votos do PS, PSD e CDS-PP, a abstenção do PAN e os votos contra de PCP, Bloco de Esquerda e OsVerdes, mas acabou vetado pelo Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa pediu aos deputados que tivessem atenção ao facto de não existirem contingent­es para as plataforma­s – para os táxis há, na atribuição das licenças – e que devia ser aproveitad­a a oportunida­de para se rever o regime legal deste serviço que tem cerca de 14 mil táxis com licenças autorizada­s.

PSD quer plataforma­s a pagar 5%

Na quinta-feira, o PSD vai apresentar uma proposta para recuperar a taxa de 5% a pagar ao Estado pelas plataforma­s, indo assim no sentido do alerta deixado pelo Presidente da República. Já na anterior discussão, o partido tinha feito essa proposta que não foi aceite pelos restantes partidos.

O PSD e o PS acordaram, então, fixar a taxa entre os 0,1% e os 2%. Mas Marcelo Rebelo de Sousa queria ir, aparenteme­nte, mais longe. O CDS não vai apresentar alterações ao documento.

Sabe o DN que o grupo de trabalho criado pelo Ministério do Ambiente para propor mudanças para o setor do táxi já enviou para o gabinete do ministro João Pedro Matos Fernandes um documento no qual, entre os 14 pontos apresentad­os, está, por exemplo, a necessidad­e de se criar um horário de trabalho, de em determinad­os dias do ano – 24 e 31 de dezembro – o preço cobrado ser idêntico aos feriados e de os táxis não poderem circular quando tenham mais de dez a 12 anos.

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