Uma segunda (ou terceira) oportunidade para ficar perto de casa
Casos Manuel Villas-Boas recusou um vale-cirurgia por lhe dar opções fora da sua área de residência. Cristina Viegas também.
“Desta vez, o caso sou eu.” Mais acostumado a falar dos problemas dos outros do que dos seus, Manuel Villas-Boas, a cara do Movimento dos Utentes da Saúde no norte do país, sabe bem o que é esperar demasiado tempo por uma operação. Seguido no Centro Hospitalar Gaia/Espinho a uma hérnia inguinal, aguarda desde 2017 por uma cirurgia. “É como noutros hospitais do país, têm falta de camas e de profissionais.”
Oito meses depois de ter entrado em lista de espera continuava sem resposta. “Felizmente é uma doença benigna, mas ainda perdi alguma capacidade de mobilidade e até a conduzir o carro.” Ao fim desse tempo, em vez da convocatória para a cirurgia recebeu um vale para ir ao privado, que rejeitou. “As hipóteses que me davam eram Barcelos, Esposende e Braga. Tudo fora da minha área de residência, Gaia. Respondi a dizer isso e decidi esperar.” Esta decisão resultou num segundo cheque, recebido há dois meses, agora com opções já perto de casa. “Decidi aceitar e vou ser operado num hospital privado no Porto.”
Tal como Manuel Villas-Boas, também Cristina Viegas, 49 anos, já rejeitou ser operada no privado. E também a distância foi decisiva. Cristina mora em Setúbal e colocou um stent na uretra, em outubro de 2017, para desfazer uma pedra no rim. O prazo para o retirar era de três a seis meses. Expirou em março e a intervenção era urgente, porque a pedra do rim ainda não saiu.
Recebeu dois cheques-cirurgia, sempre para o mesmo local: a clínica privada da Marinha Grande. “Não punha mesmo a hipótese de ir à Marinha Grande. Além de ser longe, porque mesmo assim tinha de ficar à espera, mas também por uma questão de princípio. Não se justifica eu ter de ir ao centro do país com tantos hospitais próximos aqui. O stent foi colocado em Lisboa, no São José.”
Depois de meses a dizerem-lhe que há uma lista de espera enorme na urologia no São Bernardo, por falta de médicos anestesistas, acabou por receber a convocatória para o hospital de Setúbal precisamente na última semana. Mas nem sabe se vai ser operada ainda durante o verão.
assumindo que já se sente uma “forte agressividade” de preços nos países associados à Primavera Árabe e deixa o alerta: pode vir a assistir a “alguma deslocação” para oeste/este.
Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, admite que o governo está “permanentemente a acompanhar e a antecipar a evolução dos mercados”, diz ao Dinheiro Vivo, assumindo que já está no terreno um “plano agressivo” de promoção do Algarve e da Madeira para captar mais norte-americanos e alemães e fazer face à retoma da concorrência de países do Médio Oriente.
A ação envolve um investimento de um milhão de euros e passa por “antecipar a próxima época baixa”, que vai de outubro a março. A ideia é também acelerar a reposição da capacidade aérea perdida nas duas regiões desde a falência das companhias aéreas Monarch, Air Berlin e Niki.
“Não nos interessa crescer desmesuradamente em número de turistas, interessa-nos crescer de forma inteligente ao longo de todo o território e todo o ano”, adianta ainda. Ana Mendes Godinho diz acreditar no reforço de novos mercados “para contrabalançar” os números. Dados do gabinete de estatísticas nacional mostram, aliás, que a atividade turística portuguesa está a beneficiar da subida do número de visitantes norte-americanos, brasileiros, chineses, italianos, polacos e holandeses.
Por sua vez, Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, refere que a região “não compete pelos preços” e apela à “diversificação da oferta”, utilizando um trunfo importante para a atração de turistas: “A segurança.” O responsável pede ainda “cautela” e assume que é preciso fazer o “trabalho de casa” para antecipar uma desaceleração do ritmo de procura no Algarve, embora garanta que, por enquanto, “a hotelaria tradicional não tem sentido grandes quedas”.
Ainda assim, do lado do grupo Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro português, o mercado britânico desceu 7% em número de hóspedes e 13% em dormidas no acumulado do primeiro semestre do ano, informa o administrador Gonçalo Rebelo de Almeida. “Além de estarmos a receber menos hóspedes, os que vêm estão a ficar alojados menos noites”, explica.
Gonçalo Rebelo de Almeida enumera vários constrangimentos: o regresso de turistas a destinos como a Turquia, Grécia, Tunísia e Egito veio acompanhado por um verão instável em Portugal, juntamente com as consequências da desvalorização da libra e a diminuição de transporte aéreo em algumas regiões.
A estas razões soma-se o facto de o Campeonato do Mundo de futebol estar a decorrer durante o que é um dos “principais períodos de férias do mercado britânico”, que vai de junho a julho.
Nos hotéis PortoBay, António Trindade confessa “um misto de interrogação e preocupação” e assume que a desvalorização da libra em 14% desde o referendo do brexit poderá vir a criar “fatores de perda de competitividade nos destinos europeus”.