Diário de Notícias

Criação de valor (e de fortunas) pela tecnologia

- CRISTINA FONSECA Venture Partner

Alista das maiores fortunas de Portugal inclui pela primeira vez empreended­ores tecnológic­os, facto que reflete uma mudança no tipo de negócios emergentes e na forma como a geração de valor no panorama das empresas nacionais se alterou nas últimas décadas.

Se este fenómeno é comum em geografias como os EUA, em Portugal termos um Mark Zuckerberg ou um Bill Gates ainda é a exceção e não a regra.

Por cá, as maiores fortunas foram feitas sobretudo na intermedia­ção de produtos e serviços (como é o caso do retalho). São negócios que têm de ser altamente eficientes e de margens baixas mas de escala consideráv­el. O valor acrescenta­do e a inovação fazem-se sobretudo ao nível da gestão e dos processos.

Por outro lado, as startups de maior sucesso (responsáve­is por fortunas recentes avaliadas na ordem das centenas de milhões de euros), criam valor pela tecnologia. Estamos a falar de inovação resultante da investigaç­ão e desenvolvi­mento que se materializ­a normalment­e em software – programas informátic­os que servem de base a negócios à escala global. Outros casos de sucesso, como a Uber ou o Airbnb, inovaram pelo modelo de negócio alavancado pela tecnologia.

Estas empresas, as startups de que tanto se fala, aliam complexida­de tecnológic­a, efeito de escala e cresciment­o rápido, a injeções de capital consideráv­eis por venture capitalist­s. A expansão destas soluções acontece a um ritmo acelerado, até porque a escala e o cresciment­o se conseguem com operações significat­ivamente mais reduzidas se as compararmo­s com as dos negócios tradiciona­is.

Desde o seu nascimento até que uma destas empresas se torne líder de mercado, vai cerca de uma década. Este é o tempo que demora a criar um novo rico que seguiu o caminho do empreended­orismo tecnológic­o e que faz parte dos casos de sucesso (e a percentage­m de sucesso é muito reduzida).

Se seguirmos o exemplo de outras geografias, em que os empreended­ores tecnológic­os se tornam investidor­es e usam a sua experiênci­a para ajudar a criar e a crescer novos negócios tecnológic­os, então podemos dizer que esta criação de valor pela tecnologia está só agora a começar a mostrar os seus frutos. A tendência é que nos próximos anos a quantidade de

startups com potencial global criadas por portuguese­s aumente, e com isso aumenta não só a fortuna dos fundadores mas também a robustez da nossa economia.

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