Criação de valor (e de fortunas) pela tecnologia
Alista das maiores fortunas de Portugal inclui pela primeira vez empreendedores tecnológicos, facto que reflete uma mudança no tipo de negócios emergentes e na forma como a geração de valor no panorama das empresas nacionais se alterou nas últimas décadas.
Se este fenómeno é comum em geografias como os EUA, em Portugal termos um Mark Zuckerberg ou um Bill Gates ainda é a exceção e não a regra.
Por cá, as maiores fortunas foram feitas sobretudo na intermediação de produtos e serviços (como é o caso do retalho). São negócios que têm de ser altamente eficientes e de margens baixas mas de escala considerável. O valor acrescentado e a inovação fazem-se sobretudo ao nível da gestão e dos processos.
Por outro lado, as startups de maior sucesso (responsáveis por fortunas recentes avaliadas na ordem das centenas de milhões de euros), criam valor pela tecnologia. Estamos a falar de inovação resultante da investigação e desenvolvimento que se materializa normalmente em software – programas informáticos que servem de base a negócios à escala global. Outros casos de sucesso, como a Uber ou o Airbnb, inovaram pelo modelo de negócio alavancado pela tecnologia.
Estas empresas, as startups de que tanto se fala, aliam complexidade tecnológica, efeito de escala e crescimento rápido, a injeções de capital consideráveis por venture capitalists. A expansão destas soluções acontece a um ritmo acelerado, até porque a escala e o crescimento se conseguem com operações significativamente mais reduzidas se as compararmos com as dos negócios tradicionais.
Desde o seu nascimento até que uma destas empresas se torne líder de mercado, vai cerca de uma década. Este é o tempo que demora a criar um novo rico que seguiu o caminho do empreendedorismo tecnológico e que faz parte dos casos de sucesso (e a percentagem de sucesso é muito reduzida).
Se seguirmos o exemplo de outras geografias, em que os empreendedores tecnológicos se tornam investidores e usam a sua experiência para ajudar a criar e a crescer novos negócios tecnológicos, então podemos dizer que esta criação de valor pela tecnologia está só agora a começar a mostrar os seus frutos. A tendência é que nos próximos anos a quantidade de
startups com potencial global criadas por portugueses aumente, e com isso aumenta não só a fortuna dos fundadores mas também a robustez da nossa economia.