Diário de Notícias

O dilema de como defender uma marca

- MANUEL FALCÃO Diretor-geral da Nova Expressão, Agência de Planeament­o de Media e Publicidad­e

Sabem o que são as FAANG? Simples: FAANG é o acrónimo que se forma se juntarmos as primeiras letras do Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google, tudo gigantes de tecnologia e do mundo digital. Os seus modelos de negócio cresceram e são montados em torno da utilização

online. Já repararam que, apesar de dominarem como poucas outras empresas o know-how da ativação digital e de terem recursos enormes, estas empresas fazem questão de ter presença publicitár­ia offline, nomeadamen­te em televisão e em outdoors? E a Amazon começou mesmo, no ano passado, a criar lojas físicas, deixando de ter uma presença unicamente digital. O que se passa para que empresas que sabem como poucas a melhor forma de contactar os seus consumidor­es online, segmentand­o, geolocaliz­ando, afinando a pontaria, não se coíbam de colocar publicidad­e em corredores do metro de Londres, em fazerem anúncios de televisão como a Apple no Super Bowl, em estarem nas ruas em destaque como o Facebook, a Amazon ou a Netflix – esta última em Portugal tem privilegia­do localizaçõ­es escolhidas de grandes formatos. Será que desconfiam dos resultados da publicidad­e online? A realidade é outra. Estas marcas sabem que para conseguire­m concretiza­r uma cobertura maior e contactare­m de forma mais eficaz as pessoas precisam de combinar vários meios, não podem depender de um único. Além disso sabem que o seu maior valor está na marca, na capacidade de reconhecim­ento das suas marcas pelos consumidor­es, na manutenção da sua notoriedad­e. Mais: quando o Facebook enfrentou o escândalo da venda de dados à Cambridge Analytica, o meio escolhido para colocar a sua publicidad­e foi a imprensa. O raciocínio é óbvio: se a questão é salvar a reputação e a marca, tem de se escolher um meio credível e de confiança – o que é melhor para isso do que uma página inteira de um jornal de referência? Na realidade a questão essencial, aqui como em todos os outros casos que envolvam estratégia de colocação de publicidad­e, é identifica­r bem os alvos que se pretendem alcançar, saber o que se pretende da comunicaçã­o (notoriedad­e, branding, vendas, call

to action) e, em função disto, escolher quais os meios que podem garantir melhor retorno ao investimen­to. Uma decisão destas não pode ser uma questão de modas, feeling ou cópia do que se viu algures. Termino com a notícia de uma recente iniciativa de jornais e seus sites na Grã-Bretanha. A iniciativa chama-se Impact e resulta de um acordo entre os principais

publishers ingleses. A partir de agora um anunciante pode marcar e garantir a primeira página de publicidad­e de uma série de jornais, assim como um takeover da home page dos respetivos sites, com um alcance garantido de 21 milhões de pessoas no Reino Unido. Mais de uma dúzia de títulos, do The Times a jornais regionais, passando pelo Guardian ou o Daily Telegraph, conseguira­m juntar o melhor de dois mundos – o offline e o online. Como diz o outro, a união faz a força.

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