Marca Portugal, contra os canhões, surfar, surfar!
Temos de integrar a energia da nossa natureza primordial e soltar o “canhão da Nazaré” das nossas marcas.
Quando o canhão da Nazaré soltou uma onda surfável de 34 metros, disparou a marca Portugal para as principais páginas do mundo.
Apesar do nosso abandono, o mar, que nunca nos abandonou, voltou a dar-nos uma oportunidade. Temos novamente palco para afirmar uma história que começou com um príncipe navegador, cuja ousadia e coragem criou a marca de um país pioneiro na exploração dos mares. Ainda que subexplorado, o nosso mar é um indispensável contribuidor da economia, mais de 10% do PIB decorre de atividades ligadas ao mar. Demo-nos ao mar e navegámos de volta ao mundo. Deixámos ondas de portugalidade um pouco por todo o planeta. As ondas que chegam todos os dias à nossa costa são talvez os juros do investimento que fizemos; nascem quase todas no Atlântico Norte, viajam milhares de quilómetros em sets que, face à orientação da nossa costa, fazem que seja raro o dia em que não exista um break com surf quase perfeito e abrigado do vento. Temos por toda a costa as melhores ondas de temperaturas amenas da Europa. O Guincho, os Coxos na Ericeira e os supertubos, em Peniche, estão entre os melhores
spots do mundo. A onda do Jardim do Mar, na Madeira, foi considerada The world’s best big wave pointbreak under the gun; os Açores, em São Miguel e em São Jorge são spots emergentes e a gigante da Nazaré é uma natureza à parte, só comparável com o Havai, e só para os grandes craques.
Temos uma extensa faixa costeira, diferentes tipos de ondas e condições de praticabilidade disponíveis durante quase todo o ano. Se acrescentarmos a nossa centralidade geográfica, a hospitalidade e a gastronomia a preços ainda acessíveis, facilmente concluímos que dispomos de condições únicas para potenciar economicamente esta invulgar dádiva da natureza. Portugal é um país de mar e de ondas, isso todos já sabemos; aquilo que talvez ainda não tenhamos pensado é que uma só onda ao fim da rua, pode ser o suficiente para impulsionar a economia de uma região inteira. O tsunami da Nazaré está a acordar a consciência nacional para a importância que os fatores intangíveis podem ter no desenvolvimento da economia. Temos de saber surfar os nossos recursos endógenos. Temos de integrar a energia da nossa natureza primordial e soltar o “canhão da Nazaré” de todas as nossas marcas.