Plataforma para conciliar medicação
Glintt desenvolveu o MedOn, que permitirá a médicos, enfermeiros e farmacêuticos reunir no mesmo espaço toda a medicação de um doente.
E se fosse possível reunir na mesma plataforma toda a informação sobre a medicação que um doente está a tomar, para que os diferentes profissionais de saúde pudessem tomar as decisões sobre prescrições de forma mais avalizada, evitando duplicações, efeitos adversos e outros problemas?
Este foi o ponto de partida para que a Glintt – uma empresa na área das tecnologias da informação, com mais de 20 anos de experiência na procura de soluções na área da saúde – desenvolvesse o MedOn. Trata-se de uma plataforma que “permite dar resposta a uma lacuna existente na garantia de segurança na utilização de medicação e transmissão de informação de forma correta”, explica José Guerra, responsável pelo projeto MedOn.
Na prática, este projeto assenta em quatro pilares. Um portal para o médico, no qual irá validar e conciliar toda a medicação e outra informação relevante do doente. Outro portal para o farmacêutico, que fará a reconciliação entre a diferente medicação. Um cartão de medicação e aplicação para o utente, que acompanhara o doente na transição entre cuidados de saúde e em que ele próprio pode registar a medicação, que depois o médico vai validar.
Por fim, um conjunto de indicadores que permitem a monitorização, para se poder avaliar o impacto – quer de saúde quer financeiro – que a ferramenta tem no Serviço Nacional de Saúde, medindo desde a redução de efeitos adversos a internamentos e custos.
A plataforma estará na internet, permitindo aos profissionais autorizados aceder a essa informação e inserir dados. Guardará não só a listagem da medicação mas também dados biomédicos do doente, o histórico das ações efetuadas e outros dados considerados relevantes.
Atualmente existem algumas soluções em serviços de saúde, mas com este projeto, reforça José Guerra, pode “agregar-se a informação que está dispersa, garantindo que conseguimos ter uma listagem de toda a medicação do doente num só local e sempre atualizada”. Isto permite “garantir que a tomada de decisão é a melhor para evitar erros, duplicação de medicamentos, interação adversa entre medicamentos que possam causar alergias ou outros efeitos nefastos”, concretiza.
Teste na Covilhã
A ideia surgiu do diálogo entre a Glintt e profissionais de saúde do Centro Hospitalar da Covilhã, que permitiu detetar esta lacuna nos serviços de saúde. Uma equipa da empresa trabalhou em parceria com médicos, enfermeiros e farmacêuticos na investigação, desenvolvimento da solução e consequente validação.
O projeto foi desenvolvido com recurso a investimento próprio, mas beneficiou da aprovação de uma candidatura a fundos comunitários no âmbito do Portugal 2020, o que permitiu “alavancar bastante mais rápido o projeto”.
No final deste ano, a solução será testada, de forma piloto, no centro Hospitalar da Covilhã. No início do próximo ano, estando tudo validado, avançarão para outros hospitais e para centros de saúde. A etapa seguinte será chegar a farmácias comunitárias.
O MedOn tem ainda outras potencialidades, que poderão ser desenvolvidas no futuro. José Guerra diz que “existem outras áreas que este portal pode captar, como os lares de idosos, onde há clínicos que acompanham os doentes e precisam de saber toda a medicação que o doente está a fazer”.
MedOn começa a ser testado neste ano no Hospital da Covilhã, parceiro do projeto. Depois de hospitais e centros de saúde, a plataforma será estendida a farmácias comunitárias. Médicos, enfermeiros e farmacêuticos terão portal e doentes recebem aplicação para registar medicação.