“Tubarão” Tim Vieira investe 40 milhões em três hotéis
O “tubarão” do programa da SIC vai abrir três hotéis em Ericeira, Alqueva e Açores, num investimento de 40 milhões de euros. Há mais projetos a caminho. Madeira, Lisboa e Douro poderão ser os próximos destinos.
Empresário tem projetos para Ericeira, Alqueva e Açores, e estuda novas localizações: Madeira, Douro e Lisboa. “Portugal deveria mostrar que é o centro do mundo, estável e aberto aos negócios”, defende.
A beleza da costa portuguesa, o exotismo do Alentejo e o cenário onírico das ilhas. Estes são os ingredientes que fizeram nascer os novos projetos de Tim Vieira. O empresário prepara a abertura de três unidades hoteleiras no país, embalado pelo crescimento do turismo, num investimento de 40 milhões de euros. O tubarão acredita que é preciso arriscar mais, ter mais mulheres em cargos de chefia e abrir Portugal aos negócios. Falta menos de um ano para a abertura do primeiro hotel, na Ericeira... É o primeiro hotel a ser inaugurado, em 2019. Todos os projetos vão ser feitos de raiz, à exceção do hotel na Ericeira, que comprámos. É um hotel dirigido ao surf. Tem 60 quartos, num investimento de 12 milhões de euros, inicialmente só tinha planeado cinco milhões. Mas percebi que temos de dar mais amor e utilizar todo o potencial que a Ericeira tem. Aquilo é muito bonito. Cada vez que vou lá, vejo o sítio de maneira diferente . O ambiente é o ideal, há lojas da especialidade, pessoas a fazer pranchas, e a Ericeira tem já essa reputação de atrair surfistas. Está preparado para todos: para quem gosta de surf, para quem não aprecia e para famílias. Queremos abrir para a comunidade, vamos criar experiences de surf, talks... O Alentejo também o conquistou... Sem dúvida. O Alqueva é um projeto que levou muito tempo a ser planeado. Vamos abrir um hotel em Monsaraz. Tem 58 quartos e vai ser uma espécie de National Geographic Unique Lodge. Terá uma propriedade de 49 hectares, com animais. A inspiração vem muito de África. Vamos trabalhar com o Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique. Queremos ser um dos primeiros hotéis off the grid, e produzir toda a energia que utilizamos. A ideia é começar a construção no final do ano, e deverá demorar dois anos até estar pronto. O investimento ronda os 13 milhões de euros. É um investimento mais afastado das zonas de turismo convencionais. Estamos a apostar fora de Lisboa porque acreditamos que há turistas que na segunda viagem a Portugal já querem ver coisas diferentes. Estão a ir para o centro, Douro e ilhas. Há planos para as ilhas? Os Açores têm um grande potencial. Estamos com dois projetos em mente, um deles está praticamente fechado, e também vai demorar dois anos a construir. Não posso falar ainda muito sobre ele. O investimento será dentro dos valores dos outros, 12 milhões de euros. Cada hotel vai ser único, original e ter um carimbo da zona na qual se insere. Queremos oferecer mais do que as pessoas estão à espera. Como se faz isso? Um quarto e boa comida já não chegam. É muito importante a equipa que temos num hotel. As pessoas é que fazem a diferença. O hotel tem de ir para o futuro, ser sustentável. O projeto dos animais no Alqueva é uma experiência diferente e marcante. Há um quarto projeto desenhado a pensar na capital? Lisboa está difícil, porque já tive negócios que pensei que estavam fechados, mas não estavam. Há muita concorrência e competição. Nos outros sítios onde estamos a investir conseguimos fazer a diferença, mas em Lisboa já há bons hotéis. Os preços estão elevados e não queremos ficar numa situação difícil. No fim tem de ser um negócio bom. Se calhar nunca vamos ter um projeto em Lisboa e vamos avançar para outros locais, como Madeira e Douro. O que é preciso para um hotel em Lisboa se diferenciar? Ter quartos mais pequenos do que é normal mas com muitas áreas sociais onde as pessoas se possam conhecer. No fim, as melhores férias são aquelas em que experimentamos, fazemos contactos e networking. Já não se trata de ter um quarto enorme. Lisboa ainda tem muito para dar. Como olha para o crescimento do turismo e para a questão do imobiliário? Quando começarem a vir menos pessoas os preços vão baixar. Temos de deixar os mercados trabalhar. Mas claro que também gostava de ver mais portugueses a viver em Lisboa. Mas lá fora há preços ainda maiores e problemas mais graves, não nos podemos queixar. Quais são as melhores áreas para investir em Portugal atualmente? Com bons planos do governo, podíamos fazer mais na agricultura. Temos boas condições e bom tempo para isso. Temos também de nos preocupar em fazer marcas portuguesas. É preciso produzir em Portugal e encontrar mercado para exportar. Se a onda positiva começar a ficar negativa, pelo menos há a opção de mercados lá fora. Quais as maiores dificuldades atuais do mercado? Precisamos de líderes que levem as empresas para o próximo patamar. Temos empresas grandes e que não me entusiasmam muito. As pequenas e médias empresas estão a ser dinâmicas e a abrir caminho. Mas precisamos também das grandes a trabalhar bem. Precisamos de mais mulheres em cargos de gestão porque elas veem mais para a frente. É preciso estipular os próximos passos, definir se é preciso trabalhar mais com o governo ou não, se é preciso ir lá para fora. As empresas grandes parece que não têm uma estratégia definida. Não há bons líderes em Portugal? Não é que não tenhamos bons líderes, mas não há um plano do que realmente queremos. Nunca percebemos bem o que está a acontecer e para onde estão a ir os negócios. E como está o investimento estrangeiro no país? Há muitos estrangeiros e empresas que querem vir para Portugal e o governo tem de agarrar isso, é uma oportunidade forte. Portugal deveria mostrar que é um centro no meio do mundo, estável e aberto aos negócios. Já estamos abertos ao turismo, está na altura de nos abrirmos aos negócios. Estamos a desperdiçar oportunidades de negócio? Sim, acredito que não estamos a ir ao potencial que temos. Deveríamos estar muito mais abertos aos negócios. E o que é que nos falta para chegarmos a esse ponto? Precisamos de casos de sucesso. Os investidores não querem perder oportunidades. Temos uma Autoeuropa, já deveríamos estar a pensar qual vai ser a segunda e a terceira. Se o futuro são os carros elétricos temos de pensar em trazer negócios relacionados com isso. Se temos agora os negócios com a Embraer, por exemplo, não podemos parar. Temos de pensar em mais. Temos também de votar em pessoas que acreditam e que tentam fazer isto tudo mexer. O governo não está a movimentar-se nesse sentido? Há pessoas que estão a fazer coisas boas mas há outras que nem por isso. Mas quando há eleições e 40% das pessoas não votam, não podemos só culpar quem está no poder. É fácil apontar dedos mas é mais difícil aceitar responsabilidades. Com o crescimento do turismo e com a visão de atrair mais investidores, não há o risco de, futuramente, haver uma descaracterização da identidade do país? Risco era não fazermos nada e ficarmos irrelevantes. Isso é um risco muito mais pobre e triste. Aí tínhamos de voltar ao que já fizemos: emigrar. Agora estamos a afastar-nos de Lisboa uns 20 quilómetros, por causa dos preços das casas. Não é tão mau, a minha mãe não chora tanto. Ainda comemos nos nossos restaurantes e ainda vemos a nossa bola. Temos de ficar relevantes no mundo. Somos o país que fez outros países e estamos com medo da chegada de outros? Somos um país de medos? Somos um país que quando vê a oportunidade fica a pensar no risco. Temos tudo para ficarmos mais relevantes. Estão a vir mais estrangeiros para cá e deveríamos ter orgulho nisso. Em breve vai haver dois tipos de pessoas no mundo: os portugueses e os que querem ser portugueses.
“Em breve vai haver dois tipos de pessoas no mundo: os portugueses e os que querem ser portugueses.”
formadores com 40/50 anos, temos mais velhos, que já são chefes de serviço. Portanto, temos internos muito novos – mais de oito mil, razão pela qual há muitos serviços praticamente entregues a internos – com especialistas muito seniores, que já têm muitas outras coisas a tratar e que podem já não ter a noção mais correta da formação”.
Ida para o privado ou para o estrangeiro são as soluções apontadas pelo presidente do Conselho de Pós-Graduação da Ordem, Carlos Cortes. Tanto para os mais jovens como para aqueles que rotula de “desanimados” com o SNS. “E os que emigram já não voltam. Temos um gabinete para ajudar no regresso e o que notamos é que esse departamento não tem trabalho”, adianta o também presidente da secção Centro da Ordem dos Médicos. “E vão para fora, não só para ganharem mais, mas também porque se sentem mais considerados. O SNS não consegue segurar os seus médicos. Hoje já não é fator de prestígio trabalhar no setor público, mesmo para um chefe de serviço.”
E tarefeiros? As empresas de prestações de serviços podem ser alimentadas com os especialistas que desistem de entrar no SNS? Responde Alexandre-Valentim Lourenço: as empresas estão a contratar médicos muito indiferenciados, regra geral estrangeiros. Para casos pontuais, recorrem a especialistas já a trabalhar nos hospitais, como acontece na anestesiologia, uma das áreas mais carenciadas do SNS.
Além de concursos mais rápidos, o presidente da secção Sul da Ordem defende mudanças nas carreiras – “para que passem a ser progressivas e a compensar a competência” – para estimular os profissionais no SNS. “Não faz sentido um especialista em pediatria ganhar o mesmo do que um outro que tem depois uma subespecialidade e ainda formação em Gestão. Essas competências devem ser compensadas.” Reivindicações acompanhadas por Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, que também critica os sucessivos atrasos na abertura dos concursos.