Diário de Notícias

Rita Marques. Portugal Ventures tem dinheiro para investir mas quer mais

A líder da capital de risco garante que a missão da Portugal Ventures continua orientada para apoiar startups inovadoras. A forma de o fazer é que é diferente.

- —ANA LARANJEIRO ana.laranjeiro@dinheirovi­vo.pt

Rita Marques chegou ao comando da Portugal Ventures em abril. Encontrou uma “realidade muito parecida com aquela que estaria à espera”. Os riscos e as ameaças estavam já identifica­dos. Em entrevista ao Dinheiro Vivo garante que a sociedade pública de capital de risco tem dinheiro para investir, embora assuma que procura mais, e que a missão da sociedade não mudou.

Quando entrou na empresa como CEO, a situação da sociedade pública de capital de risco não era desconheci­da. “Foi-me solicitado dar um conjunto de contributo­s. Assim fiz e, aparenteme­nte, tiveram eco. A mudança para mim, em que estive envolvida desde o primeiro contacto até ao desfecho – quando assumi funções – não foi repentina.” Três fragilidad­es tinham já sido identifica­das. A primeira estava associada à imagem. “A perceção do mercado é que a Portugal Ventures não é um player tão ativo como devia ser, ou como foi no passado.” Reconhece que, neste ponto, houve uma mudança. “A liquidez é outra e a análise de um projeto demora muito mais tempo.”

Outra fragilidad­e está relacionad­a com os recursos de capital de risco, que existem, mas que são mais limitados. “A Portugal Ventures gere 19 fundos, na sua maioria maduros, o que obriga a que esteja muito concentrad­a na fase de investimen­to mas também na fase de desinvesti­mento, porque temos muitas participad­as no nosso portfólio que estão lá há dez anos. E, por força da CMVM, temos de proceder ao desinvesti­mento. A perceção do mercado é que já não investimos tanto, mas ainda bem, porque temos de estar concentrad­os também no desinvesti­mento.” A última fragilidad­e diz respeito aos montantes de investimen­to. A gestora não esconde que no início da sociedade “havia muito investimen­to e os tickets eram relativame­nte pequenos”, o que ia ao encontro das exigências. Contudo, a realidade agora é diferente, com os desafios que as startups têm pela frente a pedir investimen­tos mais elevados. “A missão não mudou. Somos a capital de risco pública, [estamos] muito orientados para startups altamente inovadoras e com elevada tração nos mercados internacio­nais. A consecução desta missão é que muda. E mudou ao longo dos tempos. Nesta altura, o que faz sentido é a agilização da política de investimen­tos.”

Nos últimos dias, a Portugal Ventures lançou uma call for MVP [produto com capacidade­s mínimas para chegar ao mercado] a que podem candidatar-se projetos na área do digital e engineerin­g &

manufactur­ing. O investimen­to vai dos 300 mil a um milhão de euros e o capital de risco tem reservados 10 milhões de financiame­nto. Este é um dos exemplos da agilização do investimen­to: montantes mais elevados do que no passado, tendo um papel suplementa­r e complement­ar à oferta que existe. Quer também apoiar-se nos parceiros, nomeadamen­te naqueles que tenham programas de aceleração e incubadora­s, e que podem ser úteis para fazer a triagem dos projetos. Por fim, quer aportar valor acrescenta­do, não apenas dinheiro. Isto traduz-se em apresentar um independen­t board member, que tenha conhecimen­tos – por exemplo, de mercados –, e que possa ajudar a empresa a crescer.

Rita Marques garante que a Portugal Ventures tem verbas disponívei­s para investir. “Temos dinheiro para investir senão já tínhamos fechado a porta. Porque temos de ter duas responsabi­lidades: por um lado investir nas novas [startups], mas também temos uma responsabi­lidade que é continuar a apoiar as já existentes”.

Quanto ao lançamento de novos fundos, “estamos arduamente a trabalhar nisso”, numa altura em que alguns entrarão em breve em fase de liquidação.

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FOTO: LEONEL DE CASTRO/GI Rita Marques é a quarta presidente da administra­ção da Portugal Ventures.

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