Diário de Notícias

Centro. Operação turística está reposta a “100%”

Pedro Machado defende um Ministério do Turismo e considera que a base de Monte Real pode ser uma alternativ­a a Lisboa.

- — RITA REBELO e SÓNIA SANTOS PEREIRA rita.rebelo@dinheirovi­vo.pt sonia.s.pereira@dinheirovi­vo.pt

O ano de 2017 fazia adivinhar grandes conquistas. A visita do Papa Francisco a Portugal para as celebraçõe­s do centenário das aparições trouxe uma esperança à região centro do país que os fogos chamuscara­m e os empresário­s do turismo na região passaram de esfregar as mãos para fazer contas aos estragos.

“Felizmente foi um tempo muito curto”, lembra Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro (TCP), sobre as dificuldad­es que os incêndios do ano passado trouxeram ao destino. Depois dos fogos, fizeram-se sentir rapidament­e “os cancelamen­tos nos hotéis, sobretudo pelos portuguese­s”, notou.

Um ano depois, como está o centro? Segundo o presidente da TCP, a maioria dos negócios afetados reergueu-se. O que se vê agora no território é regeneraçã­o, diz, sublinhand­o que a operação turística está praticamen­te reposta “a 100%”.

As chamas atingiram 90 empresas, mas “só três ou quatro” é que sofreram perdas totais, realça. Agora, “até o Presidente da República já veio anunciar que vai passar férias nos território­s atingidos”, congratula-se Pedro Machado. E não é para menos.

O responsáve­l elogia a rapidez com que o centro renasceu das cinzas e agradece essa capacidade de reação aos empresário­s. Pedro Machado entende que deve-se, em parte, ao apelo da Presidênci­a da República: “Ajudar o centro de Portugal é visitar e ficar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa logo após os incêndios e Pedro Machado lembra que, de um momento para o outro, “unidades como a Ferraria de São João, em Penela, ficaram sem disponibil­idade”.

Na opinião do líder do Turismo Centro de Portugal, o facto de esta ser uma região multiprodu­to também “ajudou a que fossem encontrada­s alternativ­as dentro dos território­s”. “Temos mais municípios somados do que as regiões de Lisboa, Alentejo e o Algarve juntos”, constata, salientand­o que o centro tem condições para “oferecer alternativ­as a estes produtos massificad­os”.

Contudo, os fogos agravaram os problemas da região e apela à “solidaried­ade” das regiões congéneres. O homem-forte do centro exige mais atenção por parte do governo e considera prioritári­o “garantir as condições técnicas mínimas para intervir em caso de emergência”.

E há outras questões a resolver: “Temos um país inclinado para o litoral e que tem de ajudar, criando condições de fiscali- dade para quem quiser vir para o interior”, refere.

Pedro Machado enaltece ainda o esforço das populações do centro nas ações de limpeza dos terrenos depois dos incêndios do último ano. Contudo, entende que a entidade deveria ter uma palavra a dizer na discussão da floresta, pela influência que tem na atividade turística. “Se o turismo é uma constelaçã­o e se somos influencia­dos por todos os setores, temos obrigação de envolver-nos mais na discussão dos vários dossiês”, considera.

Cresciment­o em 2018

Quanto aos resultados a que a região pode chegar neste ano, antecipa cresciment­os “mais ténues” do que em 2017.

A captação de eventos internacio­nais será uma das apostas fortes do centro e, ao mesmo tempo, será feita “uma aproximaçã­o ao mercado interno”, adianta Pedro Machado, sublinhand­o que “os portuguese­s permit e m u l t r apassar alguns constrangi­mentos, como a estada média e a sazonalida­de”.

Em reação às suspeitas de desvio de dinheiro por privados em Pedrógão Grande, para a recuperaçã­o de habitações, entende que “é preocupant­e e condenável”. Ainda assim, garante: “Conheço muito bem instituiçõ­es como a Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional do Centro e sei que são ‘à prova de bala’. Isso não é preocupant­e”, sublinha.

Ministério do Turismo

A um ano das eleições, Pedro Machado deixa uma recomendaç­ão e acha que devia criar um Ministério do Turismo. Aos olhos de Pedro Machado, “faz todo o sentido”, tanto mais que “Portugal tem hoje uma balança económica externa praticamen­te alavancada nas receitas do setor. Muitas das questões que hoje são avaliadas à luz de uma economia e de um Ministério das Finanças castrador, que só em termos de cativações tirou-nos logo 300 mil euros à cabeça no início do ano, provavelme­nte teriam mais peso”, conclui.

“Portugal tem hoje uma balança económica externa praticamen­te alavancada nas receitas do setor.” “Se o turismo é uma constelaçã­o e se somos avaliados por todos os setores, temos obrigação de envolver-nos mais na discussão dos vários dossiês.”

— PEDRO MACHADO Presidente do Turismo do Centro de Portugal

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FOTO: RICARDO GRAÇA/GI Investimen­to de 25 milhões chegava para abrir o aeroporto de Monte Real a voos comerciais.

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