Vagas operacionais nas matas públicas ficaram por preencher
Quando confrontado com o facto de um quarto dos incêndios não serem investigados e com a promessa que não foi cumprida de reforçar a Guarda Florestal, o Ministério da Administração Interna respondeu que, no combate no terreno, Portugal tinha neste ano “o maior dispositivo de sempre”. Há neste ano mais 1027 bombeiros, mais 250 viaturas e mais sete meios aéreos para combater o fogo do que havia em 2017. “O que está em causa também não é apenas a resposta imediata ao fogo, é o tudo o que está a jusante e a montante”, diz Rui Raposo. “É a vigilância da floresta e a investigação criminal do fogo.”
Apesar de haver um reforço da vigia nos corpos policiais, as coisas não têm corrido tão bem nas matas públicas. A 15 de maio, o ICNF – que está sob a tutela do Ministério da Agricultura – abriu um concurso para 90 assistentes operacionais para as florestas do Estado, em dez concelhos do país. Ofereciam um ano de contrato e o salário mínimo. Mas só 61 dessas vagas foram preenchidas.
São estes assistentes operacionais que fazem as ações de silvicultura das matas e a gestão de combustíveis. Acompanham as queimadas dos privados para evitar propagações de fogo, mantêm as faixas e os mosaicos combustíveis da floresta. E também têm funções de vigilância, sensibilização do público e auxiliam a Proteção Civil na primeira resposta ao fogo e nas operações de rescaldo.
Em Arouca havia cinco vagas, mas ninguém concorreu. Na Marinha Grande o ICNF precisava de 35 homens, mas só conseguiu contratar oito. Falta gente para cuidar das matas na Figueira da Foz e na Nazaré. O DN perguntou ao Ministério da Agricultura se estas vagas que ficaram por preencher punham em causa a segurança das matas públicas e se havia novo concurso em preparação. Até ao fecho desta edição, o ministério de Capoulas Santos não conseguiu responder.