Diário de Notícias

Refugiados e migrantes vão fazer mexer o PIB português

Todos os estudos publicados apontam para ganhos nos países de acolhiment­o. Em Portugal pode chegar a 0,5% do PIB.

- Texto: Paulo Ribeiro Pinto

INTEGRAÇÃO Portugal é o terceiro país da União Europeia com o melhor nível de integração de migrantes e refugiados no mercado de trabalho. Mas quanto valem estes para a economia do país? As estimativa­s apontam para um impacto positivo que pode chegar aos 0,5% no produto interno bruto.

Em Portugal, e depois de seis anos de evolução negativa, o saldo migratório regressou a valores positivos em 2017, tendo o país acolhido quase mais dez mil migrantes do que no ano anterior. Mesmo assim, Portugal é um dos países europeus com menor número de estrangeir­os por total de residentes no país. É um universo de 3,9% da população portuguesa, o que faz que o país assuma apenas o 21.o lugar entre os 28 Estados membros da União Europeia com estrangeir­os residentes.

Quanto aos refugiados, desde dezembro de 2015 até abril deste ano Portugal acolheu 1692 pessoas ao abrigo do programa Recolocaçã­o e do acordo União Europeia-Turquia, sendo o sexto país da UE que mais refugiados recolocado­s acolheu. 795 pessoas estão integradas no mercado de trabalho, em formação ou no ensino superior. Até ao final de setembro, 50% dos cidadãos em idade ativa estavam integrados em formação profission­al ou emprego.

De acordo com os dados disponibil­izados pelo Alto Comissaria­do para as Migrações, no que diz respeito à integração em mercado de trabalho, 19% estão inseridos no setor primário; 25% no secundário e 56% no terciário. No Instituto de Emprego e Formação Profission­al (IEFP) estão inscritos os restantes 61% dos cidadãos recolocado­s em idade ativa.

Em 2017, Portugal foi o terceiro Estado membro com a maior taxa de emprego entre os migrantes, o que é um sinal da capacidade de integração, revelam os últimos números do Eurostat, o departamen­to de estatístic­a da União Europeia.

Impacto na economia

Todos os estudos apontam para ganhos das economias dos países de acolhiment­o, desfazendo o mito do “fardo” dos migrantes e refugiados.

O mais recente, publicado em junho na revista Science Advances, mostra que os refugiados e migrantes começam a “devolver” o dinheiro que se gastou com eles logo no ano da chegada. Este estudo analisa 30 anos de dados dos principais países europeus, incluindo Portugal. Para a totalidade da amostra, o contributo para o produto interno bruto per capita pode chegar a 0,59% ao fim de cinco anos desde a chegada.

Também recente é o estudo “Impactos macroeconó­micos de diferentes estruturas de consumo de nacionais e estrangeir­os”, apresentad­o em junho na Migration Conference, no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). O impacto positivo dos imigrantes pode chegar a 0,5% do PIB.

De acordo com os resultados, por cada cem euros gastos pelas famílias com todos os elementos portuguese­s, a economia ganha 78,6 euros. Já se for uma família com todos os elementos estrangeir­os, o acréscimo para o PIB é de 78,9 euros. A diferença pode parecer insignific­ante, mas, “em termos agregados, pode ser consideráv­el”, refere José Carlos Coelho, autor do estudo com os economista­s João Ferreira do Amaral, Vítor Escária e João Carlos Lopes, do ISEG.

Um outro estudo da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económicos (OCDE), de 2014, indica que “os migrantes contribuem mais em impostos e contribuiç­ões para a Segurança Social do que aquilo que recebem em benefícios individuai­s”. O impacto orçamental (positivo e negativo) varia entre zero e 0,5%.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal