Diário de Notícias

“Estamos no tempo da sementeira”

António Ramalho

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Ainda é cedo para colher frutos. O Novo Banco está num processo de reconstruç­ão e, apesar da evolução positiva que tem tido, ainda tem um longo caminho pela frente até ser rentável. Quem o diz é o presidente executivo do banco, António Ramalho. O pior já passou e a conclusão da venda de 75% do banco à Lone Star trouxe alívio ao gestor. Neste mês de agosto, o Novo Banco divulga as suas contas do primeiro semestre, depois de, no primeiro trimestre, António Ramalho ter apresentad­o lucros de 60,9 milhões de euros. O resultado positivo surgiu após um prejuízo recorde no ano passado, que levou à injeção no banco de 792 milhões de euros por parte do Fundo de Resolução.

Quando é que percebeu que o Novo Banco iria ficar a salvo? Sempre acreditei que o Novo Banco teria condições para se reestrutur­ar e renascer no mercado português. Mas tive a certeza quando foi anunciada a negociação em exclusivid­ade com o atual acionista de referência. A partir daí, a venda do banco passou a depender de condições que apenas a si competiam. E eu estava confiante nas capacidade­s do Novo Banco. O exemplo do

LME [liability management exercise] voluntário que realizámos durante as férias de 2017 foi disso exemplo. O banco conseguiu manter, no meio da tempestade, captação de depósitos e já apresenta lucros. É para continuar nos próximos trimestres? O banco, durante este período, mereceu sempre a confiança dos seus clientes. A evolução dos depósitos é disso exemplo, mas a evolução da produção do crédito à habitação ou a quota de trade finance acima dos 22% são também exemplo de um Novo Banco vivo e resistente. Como vê o Novo Banco nos próximos dois a três anos em relação a desenvolvi­mento estratégic­o? O banco apresenta sinais positivos mas ainda está a reconstrui­r-se. Essa reconstruç­ão vai custar tempo e dinheiro, tenho-o dito e repetido. A rentabilid­ade só poderá vir depois. Ainda estamos no tempo da sementeira, não no tempo das colheitas.

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