Ensino superior é o grande elevador social. Resultados das colocações
Já são conhecidas as listas de colocação da primeira fase e quase 44 mil alunos entraram – restam apenas 7290 vagas. Engenharia Física e Tecnológica é o curso com nota mais alta.
Um total de 43 992 alunos colocados nas universidades e institutos politécnicos públicos é o resultado da 1.ª fase de acesso ao ensino superior de 2018. Um número que, sendo o quinto mais elevado da última década, representa a primeira quebra numa tendência de crescimento que se mantinha constante há quatro anos consecutivos. Em relação ao ano passado, entraram menos 922 estudantes, restando ainda 7290 lugares para a 2.ª fase, que agora terá início.
São estes os números das colocações do ensino superior reveladas neste domingo (consulte as listas em www.dn.pt) e que vêm na linha do que se esperava: menos candidaturas, menos colocados.
Mas há outro número talvez mais importante a reter, ainda que seja uma estimativa e não ainda um total fechado: mais de metade da geração nascida no ano 2000 estará neste ano no ensino superior. Será a primeira vez na história do país que a maioria dos cidadãos nascidos num determinado ano chega à frequência do grau mais elevado do ensino em Portugal.
De acordo com as previsões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, cerca de 63 200 alunos nascidos na viragem do milénio estarão matriculados, neste mês, em universidades e institutos politécnicos.
Destes, cerca de 7600 estarão a frequentar cursos técnicos superiores profissionais, que não conferem grau mas permitem prosseguir estudos, estimando-se que metade deles acabe por prosseguir para licenciaturas.
Para o ministério, “o papel transformador dos politécnicos e das suas ofertas de formação inicial curtas” é crucial para se assistir a este novo “perfil de juventude”. Em anos anteriores, refere o gabinete do ministro Manuel Heitor, a percentagem daqueles que chegavam a universidades e politécnicos não ia além dos 40%. 22% fora do sistema de ensino E o que sucedeu aos restantes? De acordo com os dados do governo, a maioria continua a estudar. Dos 120 008 nascidos em Portugal no ano 2000, 24% ainda não terminaram o secundário – dos quais 9% não chegaram ao 12.º ano e 15% já atingiram o último patamar do secundário, realizaram Exames Nacionais, mas não conseguiram ainda terminar a escolaridade obrigatória.
Entre os que não estão a estudar, 7% já concluíram o secundário mas não prosseguiram estudos, estando a trabalhar ou em situação indefinida. É uma percentagem substancialmente inferior à de anos anteriores, quando este grupo representava cerca de 20% do total. Engenharias no topo e o caso estranho O curso com média mais elevada de entrada neste ano é da Universidade da Madeira. Engenharia Civil (ensino em inglês), onde o último aluno a entrar precisou de uma média de 189,4 pontos. Estranho? É que ele foi o único a concorrer àquele curso e o mais provável é que nem possa estudar ali – seria o único aluno do curso.
Tirando este caso excecional, os cursos com médias mais elevadas foram o de Engenharia Física e Tecnológica (189) no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, seguido de Engenharia Aeroespacial (188,5). O primeiro curso de Medicina a surgir na lista é o do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, a exigir uma média mínima de entrada de 182,2. Os nove cursos de Medicina disponíveis no país acolheram 1517 alunos e as vagas ficaram totalmente preenchidas.
Houve 33 cursos que não tiveram um único aluno a candidatar-se, na maioria lecionados em Institutos Politécnicos, à exceção de Engenharia Civil na Universidade da Beira Interior e Arquitetura Paisagista na Universidade de Évora.