Livros que fazem história
O relato destes dois anos que Trump leva de Casa Branca pode ser contado a partir dos livros. Já se escreveram dezenas de títulos, mas há quatro que surgiram já neste ano e que retratam o sistema a partir de dentro. A sua leitura é essencial para entender os contornos do novo poder americano, até porque será por eles que os historiadores do futuro vão começar a dissecar este período ímpar da história norte-americana.
Fire and Fury
de Michael Wolff (5/1)
Fogo e Fúria, em português, é uma polémica descrição dos primeiros dias da Casa Branca de Donald Trump, em que ninguém se entende e todos desconfiam dos parceiros. O que sai da obra é um retrato demolidor de um presidente incapaz e de uma administração mais preocupada em gerir interesses pessoais do que tomar conta do país. O livro foi criticado por causa do estilo polémico, mas o essencial não foi posto em causa – e foi agora confirmado pela obra de Woodward.
Trumpocracy: the Corruption of the American Republic
de David Frum (16/1)
(Trumpocracia: a corrupção da república americana). O analista político e assumidamente republicano que trabalhou na Casa Branca sob as ordens de George Bush oferece uma explicação apaixonada do perigo que Trump representa para o Partido Republicano e para a própria república norte-americana. O trabalho é profundo e complexo, por isso menos chocante e mediático do que os restantes – mas não menos relevante.
A Higher Loyalty
de James Comey (17/4)
(Uma Lealdade Maior). O diretor do FBI escreveu uma autobiografia que mostra como Trump lida com os poderes não executivos. Sendo um exercício autojustificativo, é também um ato de transparência que revela o desprezo que muitos funcionários públicos nutrem pelo presidente eleito.
Fear: Trump in the White House
de Bob Woodward (11/9)
(Medo, Trump na Casa Branca). É a confirmação de tudo o que os livros anteriores mostraram, com o peso da assinatura de um dos jornalistas mais respeitados do planeta, que já fez cair um ocupante da Casa Branca. Desta vez, as páginas assinadas por Woodward não mostram só um presidente envolto numa teia de corrupção: exibem também o comportamento de um homem pueril e incapaz de entender as subtilezas da política, do comércio global e das relações internacionais.