Diário de Notícias

Orçamento

CDS propõe IVA dos espetáculo­s em 6% e IRC mais baixo.

- PAULA SÁ

Abancada centrista vai propor na discussão do Orçamento do Estado para 2019 que o IVA dos espetáculo­s ao vivo desça dos atuais 13% para 6%. É uma num leque de medidas de redução de impostos, que o partido liderado por Assunção Cristas vai propor. “Se há um virar da página da austeridad­e, como diz o governo, também tem de chegar à cultura”, defen- de Cecília Meireles, que acusa o executivo de Costa de “se esquecer” deste setor.

“É uma proposta em linha com o que o CDS defende sobre a redução de impostos e ao mesmo tempo sobre a necessidad­e de apostar numa maior formação das pessoas, que passa muito pelo acesso aos meios culturais.” Meireles argumenta que, na era da digitaliza­ção, é importante dar sinais positivos aos agentes e não os penalizar através de uma taxação pesada. A ser aprovada, a lei abrangeria concertos, teatro e até touradas.

Foi o governo PSD-CDS, sob o chapéu do programa de ajustament­o, que no OE 2012 ditou a subida de 6% para 13% no IVA deste tipo de espetáculo­s. Uma norma transitóri­a que, apesar de ter terminado o ajustament­o, se mantém até hoje. A intenção de propor a redução do imposto já tinha sido sinalizada no projeto de resolução que o CDS apresentou e que assumiu como alternativ­a ao Programa de Estabilida­de e Plano Nacional de Reformas do governo – e Cecília Meireles lembra mesmo que a área da cultura tem sido acarinhada, ao longo do último ano, pela líder do CDS, Assunção Cristas, nas muitas deslocaçõe­s que tem feito pelo país.

IRS famílias e interior

A cultura é apenas um dos pontos em que o CDS se foca. Cristas vai insistir também na redução dos impostos para famílias e empresas. A líder centrista já sinalizou, por exemplo, que vai bater-se pela recuperaçã­o do coeficient­e familiar no IRS – medida adotada no governo Passos/Portas (OE 2015), que atribuía benefícios fiscais consoante o agregado familiar, até ao máximo de dois mil euros. O atual governo pôs-lhe fim, depois de ser duramente criticada por PCP e BE. “É preciso aprofundar o coeficient­e familiar, que é mais justo”, argumenta a deputada centrista, comparando com o sistema que Costa preferiu – para efeitos de IRS voltou a ser considerad­o o antigo pressupost­o conjugal e deduções fixas à coleta por dependente ou ascendente no agregado familiar.

Outra bandeira do CDS será de novo o fim do adicional ao imposto sobre combustíve­is, o ISP, chumbado em julho por PS, PCP e BE, com a abstenção do PSD. “É o exemplo desta anestesia fiscal, para que as pessoas não se apercebam da pesada carga que aguentam”, frisa Cecília Meireles. Os centristas admitem ainda insistir no estatuto fiscal para o interior – tabelas de IRS a metade, tributação de 10% para todas as empresas e possibilid­ade de dedução total dos lucros reinvestid­os nesse território – e na descida do IRC.

Propostas como alternativ­a

Ao contrário do PSD de Rui Rio, que ainda não avançou propostas, Cristas faz questão de antecipar um pacote alternativ­o de medidas ao OE 2019. A demarcação da política do governo e das “esquerdas encostadas” faz parte da estratégia de cresciment­o eleitoral do CDS, que sabe que a temática fiscal é das mais relevantes para a classe média que a suporta. Mas também para os setores penalizado­s pela subida de impostos durante o programa da troika. “Somos o único partido que se recusa a servir de muleta a António Costa”, vincou Assunção na rentrée do CDS, em Ermesinde. E será isso que vai procurar provar na discussão do Orçamento. A pressão para a redução de impostos é tanto maior quanto se aproxima um ano eleitoral – o governo terá de recusar ou acompanhar.

Foi o governo PSD-CDS, sob o chapéu do programa de ajustament­o, que fez subir de 6% para 13% o IVA dos espetáculo­s. A norma que era transitóri­a, porém, mantém-se até hoje.

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Assunção Cristas vai bater-se pela descida de impostos durante a discussão do Orçamento do Estado para 2019.

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